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Fachada do Pateo do Collegio começa a ser recuperada com ajuda de voluntários

Camila Maciel – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 16/04/2018 - 14:24
São Paulo
São Paulo - Marco histórico e turístico de São Paulo,o prédio do Pateo do Collegio, no centro da capital paulista, amanheceu com a sua fachada pichada (Rovena Rosa/Agência Brasil)
© Rovena Rosa/Agência Brasil
São Paulo - Voluntários e funcionários da prefeitura se mobilizam para limpar o Pateo do Collegio, depois que a fachada do local foi pichada, na semana passada (Rovena Rosa/Agência Brasil)

São Paulo - Voluntários e funcionários da prefeitura se mobilizam para limpar o Pateo do Collegio, depois que a fachada foi pichada na semana passadaRovena Rosa/Agência Brasil

Os trabalhos de recuperação da fachada do Pateo do Collegio, em São Paulo, pichada na madrugada do dia 10 de abril, foram iniciados hoje (16). Segundo a Companhia de Jesus, responsável pelo prédio, pelos menos 100 voluntários participam do mutirão de pintura que deve durar uma semana.

Como se trata de uma reprodução da escola jesuíta original, refeita na década de 1970, não serão necessários cuidados especiais de restauração. Serão encarados como patrimônio apenas os elementos arquitetônicos, como os frontões, o beiral de pedra, os azulejos e a parte de madeira das janelas.

O advogado Gustavo Luiz Costa, 29 anos, é um dos voluntários. “Quando eu vi a pichação, uma hora depois eu liguei aqui para o Pateo oferecendo ajuda, mas não só em meu nome, porque aqui no centro tem os jogadores de Pokémon Go, em média 200 jogadores, e o grupo todo se prontificou a ajudar”, disse ele, que teve a liberação do chefe no escritório de advocacia para participar hoje pela manhã.

O rapaz relatou que não tem experiência em pinturas, mas que recebeu as orientações das arquitetas responsáveis. “A gente precisa fazer acontecer. Só se lamentar não ajuda em nada”.

O padre Carlos Alberto Contieri, diretor do Pateo do Collegio, conta que foram muitas as manifestações de solidariedade e, por isso, decidiram fazer a obra por meio de um mutirão.

“Todo o trabalho é voluntário, absolutamente gratuito e todo o material que nós precisaremos, cujo levantamento está sendo feito, tem sido adquirido através da doação, seja da doação do material, seja através de doação financeira”, explicou. Ele informou que ainda está sendo calculado o custo da obra.

A iniciativa contou com a colaboração de empresários. Uma empresa de pintura divulgou a doação por meio de um banner colocado na fachada, indicando o custo zero e divulgando telefone de contato.

A consultoria da arquiteta Ana Pecoraro, especializada em patrimônio histórico, também foi oferecida gratuitamente. Ela é responsável pela restauração da única peça original do conjunto arquitetônico, uma parede de taipa do século 16, que fica exposta no interior do prédio.

Investigação

Na sexta-feira (13), a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que foram interrogados dois dos três investigados pelo crime ambiental de pichação. Foi escrito em letras vermelhas “olhai por nois” [sic]. Durante o interrogatório, os investigados alegaram motivação ideológica para as pichações no Pateo do Collegio. Eles também assumiram a autoria de pichações do Monumento às Bandeiras e da Estátua de Borba Gato.

Sobre as motivações ideológicas, o diretor do Pateo do Collegio, padre Carlos Alberto Contieri, considera que há desconhecimento histórico.

“Eu só posso dizer que está baseada numa ideologia barata e na ignorância histórica total. Talvez quem faz esse tipo de afirmação precisaria olhar e aprofundar a própria visão e o seu conhecimento histórico. Se eles soubessem que os jesuítas, por exemplo, no século 16, quando do início da colonização, foram os únicos que se levantaram para defender os índios e não permitir que os índios fossem escravizados pelos colonos”, relembrou o padre. Ele criticou ainda que as pichações estavam sendo fotografas para venda na internet, segundo mostraram as investigações.