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Começou hoje cadastro de blocos para desfile do carnaval carioca 2019

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 02/05/2018 - 16:13
Rio de Janeiro

Os blocos do carnaval de rua do Rio de Janeiro que quiserem desfilar em 2019 terão de hoje (2) ao dia 16 de junho para se cadastrar no site que a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur) fez para o evento.

Segundo a Riotur, os blocos sempre precisaram fazer a inscrição, mas este ano o processo ocorre com mais antecedência. Normalmente, o cadastro era feito a partir de outubro. “A ideia é que possa ser possível mensurar o tamanho da festa previamente e criar um planejamento mais eficiente”, informou.

O cadastro terá cinco fases e o processo passará por análise da empresa, que pode deferir ou indeferir o pedido. O presidente da Riotur, Marcelo Alves, afirmou que a antecipação foi feita para “dimensionar a festa com a antecedência necessária, promover um carnaval de rua mais eficiente e focar na qualidade e não na quantidade”.

“Estamos trabalhando em conjunto com os órgãos públicos envolvidos na realização do carnaval, bem como com as entidades civis, incluindo associações de moradores e responsáveis pelos blocos, com o intuito de planejar e organizar o evento de 2019”, disse Alves, em nota.

Segundo Alves, serão ouvidas diferentes experiências para reunir os esforços de todos, com tempo suficiente até a execução do evento. “Dando voz à sociedade que vivencia e realiza o evento, minimizando o impacto no patrimônio público, otimizando a gestão dos órgãos e, principalmente, oferecendo ao grande público o carnaval que o Rio de Janeiro merece: organizado, seguro e alegre”.

Blocos de rua

Para a presidente da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (Sebastiana), Rita Fernandes, o carnaval de 2018 foi marcado pela desorganização por parte da prefeitura. Ela espera que, com a antecipação do credenciamento, os problemas sejam resolvidos.

“A desorganização ficou por conta de menos banheiro químico e não teve nenhum controle de trânsito. O que a gente espera é que, já que eles vão começar o credenciamento tão mais cedo, que eles então entrem com a infraestrutura um pouco maior este ano, porque realmente a parte do trânsito e a parte dos banheiros ficou muito a desejar”.

A Sebastiana reúne 11 blocos tradicionais da cidade surgidos a partir da década de 80, como Simpatia é Quase Amor, Carmelitas, Suvaco de Cristo e Escravos da Mauá.

A pesquisadora Fernanda Amim, do Observatório de Metrópoles da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destaca que o carnaval de rua na cidade foi retomado em 2009 e, em 2010, foi oficializado pela prefeitura, em meio ao projeto Olímpico. A partir daquele ano, a prefeitura publicou um decreto e passou a exigir uma “autorização” para que os blocos possam desfilar no carnaval. Segundo Fernanda, a medida não encontra qualquer respaldo constitucional ou legal.

“A gente ainda tem uma Constituição que nos garante o direito de ocupar o espaço público sem autorização prévia ou licença. E aí você tem um decreto, que é um ato unilateral do chefe do Executivo. Você tem uma hierarquia de normas, a Constituição está lá em cima e o decreto lá embaixo. E você aplica o decreto e não aplica a Constituição. Então, não é legal, não é constitucional e não poderia existir”.

Ela destaca que, desde a gestão do prefeito Eduardo Paes, o carnaval de rua passou a ser considerado um mega-evento.

“O carnaval de rua do Rio é marcado pela reocupação dos espaços públicos por amigos, familiares, músicos, pessoas que tinham ligação com o movimento político, como as Diretas Já. Essas pessoas começaram a se apropriar do espaço público pela brincadeira e pela festa. Eles não tem uma função de gerar lucro, como tem o carnaval de Salvador”, disse.

“Quando você exige, antecipadamente, e agora com todos esses meses de antecedência, que os blocos saibam o que eles vão fazer, por onde eles vão passar no carnaval seguinte, você está transformando o carnaval num evento, não é mais uma festa”, criticou.