Festival do Café homenageia Jacob do Bandolim em Vassouras

Publicado em 19/07/2018 - 15:29 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Com apresentação do violonista Turíbio Santos sob o tema “Lembranças de Jacob do Bandolim”, será aberta amanhã (20) a 16ª edição do Festival Vale do Café, na antiga estação ferroviária de Vassouras, cidade situada a 117 quilômetros da capital fluminense, no centro-sul do estado, com acesso pela rodovia Presidente Dutra. O festival é considerado um dos mais importantes do Rio de Janeiro e se estenderá até o próximo dia 29, com atrações em sete municípios da região.

Além do concerto de abertura, estão programadas na região outras apresentações gratuitas com repertório relacionado ao músico. No dia 21, o conjunto Noites Cariocas comemora os 100 anos de Jacob do Bandolim, no Centro Cultural Professor Antônio Pacheco Leão, em Rio das Flores, e a harpista Cristina Braga, vai tocar Mil Cordas Brasileiras, no Centro Cultural Maestro José Figueira, em Paty do Alferes.

 

O violonista Turíbio Santos e o violoncelista Hugo Pilger se apresentam na fazenda São Roque
O violonista Turíbio Santos e o violoncelista Hugo Pilger,  na fazenda São Roque - Paulo Rodrigues - Direitos reservados

Diretor artístico do festival, Turíbio Santos destacou à Agência Brasil que os cursos gratuitos oferecidos a jovens músicos de todo o país terão continuidade este ano. “Os cursos sempre foram muito bem frequentados, sempre lotados, com muita garotada. Teve anos que nós chegamos a ter quase 300 alunos”. Somente no ano passado, devido à crise econômica, o festival não ofereceu os cursos, em função também de dificuldade de locais onde eles seriam realizados.

Os cursos musicais que já chegaram a ter média de 12 instrumentos, vão oferecer este ano apenas cinco instrumentos (cavaquinho e bandolim; flauta; violão; violino), além de canto. A inscrição gratuita pode ser feita pelo site oficial.

Envolvimento da população

O diretor do festival afirmou que a principal característica do evento é o envolvimento da população local. “Isso é extremamente importante, a tal ponto que, há três ou quatro anos, eles começaram a fazer uma espécie de festival paralelo, que não é competitivo com o Festival Vale do Café. Ao contrário, dá apoio.” O festival organizado pela população da região se chamava “#Abrace Vassouras”. Na edição 2018, o título mudou para “#Mais Vassouras”.

Turíbio Santos acredita que a melhor coisa que pode ocorrer para o Festival Vale do Café é implantar a ideia da festa anual que congrega professores e alunos e o público que vem conhecer a região. O festival contribui para descentralizar do eixo das principais capitais brasileiras a realização desse tipo de evento, que começa a replicar pelo interior do país. “Pegaram esse entusiasmo”.

Em Vassouras, por exemplo, segundo Turíbio, há fatores que envolvem a história da escravidão. “Quando acabaram com a escravidão, isso teve um choque terrível em Vassouras, porque, em São Paulo, os plantadores de café já tinham recolhido os grãos e aqui ainda não tinham feito. Com isso, muitos plantadores de café ficaram pobres, da noite para o dia”.

A região do Vale do Café, onde se produziu a maior quantidade do grão no Brasil, durante o século 19, acumulando uma verdadeira riqueza arquitetônica e histórica, recebe o Festival Vale do Café, que ocorre sempre em julho, desde 2003. Este ano, o maior evento da região reúne apresentações musicais em 12 fazendas históricas.

 

Duo Santoro se apresenta na Fazenda Palmas, em Vassouras, em edições anterior do Festival do Café
Duo Santoro se apresenta na Fazenda Palmas, em Vassouras, em edições anterior do Festival do Café - Paulo Rodrigues - Direitos reservados

O homenageado desta edição, Jacob do Bandolim, terá seu repertório executado pelo duo Dani Spielmann e Sheila Zagury, na Fazenda São João da Prosperidade, em Barra do Piraí; e pelo Terno Carioca, formado por Luiz Flávio Alcofra, Pedro Aragão e Lena Verani, na Fazenda São Roque, em Vassouras. Em todas as fazendas que sediarão 'shows', haverá visita ao casarão com degustação de lanche colonial após o concerto.

Embora o evento tenha diminuído de tamanho em função da crise econômica, Turíbio Santos garantiu que “estamos firme e vamos fazer crescer (o festival) outra vez”. O evento chegou, em edições anteriores, a envolver 14 fazendas em vários municípios, que abrem ao público a oportunidade de conhecer parte da história do Brasil que esses locais representam.

Novidade

A produtora do evento, Roberta Kelab, disse à Agência Brasil que uma novidade da edição deste ano é que o evento foi incluído no programa Rio de Janeiro a Janeiro, dos governos federal, fluminense e municipal, que certifica eventos culturais, esportivos e corporativos com potencial de impacto socioeconômico para o estado. “É um dos projetos do interior que tem o selo Rio de Janeiro a Janeiro.

O programa tem estudo financeiro feito pela Fundação Getulio Vargas, que mostra que para cada R$ 1 investido no festival, retorna para a região cerca de R$ 5,09 sob a forma de serviços, impostos e de receita para o município, segundo Roberta. O evento representa a geração de cerca de 600 postos de trabalho.

Com relação às fazendas que abrigarão os shows nessa edição, Roberta Kelab salientou que “o grande barato é que muitas dessas fazendas não abrem para visitação normalmente e são verdadeiros tesouros de patrimônio; mas durante o festival, nosso acordo com as fazendas é que elas abram para uma visitação, mesmo que pequena, para todos os que compraram ingresso”.

Roberta ressaltou que parte da venda dos ingressos será revertida em gratuidade para estudantes e professores de escolas públicas e para pessoas de baixa renda nos concertos. “Eles são clientes como quaisquer outros, só que gratuitamente. Não existe limitação, não existe restrição de local, nem lugar determinado.”

Edição: Maria Claudia

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