Festival de Brasília termina hoje com entrega de premiações

Reflexões políticas e sobre minorias marcaram os dez dias da mostra

Publicado em 23/09/2018 - 17:11 Por Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Após dez dias de sessões, debates e oficinas, termina hoje a 51ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Os premiados serão revelados numa cerimônia de cerca de três horas de duração, prevista para começar às 18h40 no Cine Brasília, um dos espaços culturais mais tradicionais da capital federal.

Além da premiação oficial, que tem 22 categorias divididas em longa e curta metragem, há a distribuição de nove prêmios por entidades e empresas parceiras da mostra. Este ano, mais uma vez, o festival manteve a tradição de aliar a discussão sobre cinema e produções audiovisuais com temas com forte apelo no debate político. Com isso, o festival criado em plena ditadura mantém a contribuição para reflexão sobre o momento.

Ontem (22), o último dia da mostra competitiva foi marcado por diversas produções que abordaram temática LGBT+. Entre elas, o filme Bixa Travesty, de Kiko Goifman e Claudia Priscilla, sobre a artista Linn da Quebrada. Construído com base em shows de Linn, imagens de arquivo e momentos mais intimistas, o filme traz reflexões sobre questões acerca do corpo não-binário. A película tem a participação musical de Jup do Bairro, Liniker, Raquel Virgínia e Assucena Assucena, da banda Bahias e a Cozinha Mineira.

Também foram apresentados o curta pernambucano de ficção Reforma, que retratou relações homoafetivas entre homens. Outra produção, BR3, mostrou travestis na favela da Maré.

Debate político

O debate político também esteve presente em um documentário de forte impacto. Realizado por Susanna Lira, Torre das Donzelas aborda, com relatos inéditos, as sessões de torturas sofridas pela ex-presidente Dilma Rousseff e suas ex-companheiras de cela do Presídio Tiradentes, em São Paulo.

Torre das Donzelas é o nome dado ao conjunto de celas femininas do presídio. O filme remonta, a partir de fragmentos de lembranças de cada uma delas, as situações vividas na prisão na década de 1970. Nesse cenário, elas se reencontram 45 anos depois para romper com o silêncio e o medo de relatar os horrores de viver sob uma ditadura.

Outro registro sobre a situação vivida pelo país está no documentário Bloqueio, de Victória Álvares e Quentin Delaroche, que retrata a greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio deste ano e que paralisou o país, mergulhado em uma crise política e econômica.

Não foi apenas nas telas que o teor político do festival se fez presente. Destaque para a presença de mulheres na direção de seis dos nove longas que concorreram ao prêmio principal. Além da participação de negros e mulheres nos júris e nas comissões que selecionam os filmes.

Descentralização

Este ano, além das atividades no Plano Piloto, as atividades do festival chegaram a 13 regiões administrativas do Distrito Federal. Os filmes selecionados para a mostra competitiva foram exibidos em sessões simultâneas em São Sebastião, no Riacho Fundo, em Sobradinho e em Taguatinga.

Atividades formativas, como oficinas foram realizadas nas cidades de Planaltina, Guará, Recanto das Emas, São Sebastião e Ceilândia, onde Maíra Carvalho, diretora de arte do filme O Último Cine Drive-In, ministrou a oficina Laboratório de Direção de Arte. A formação propôs um passeio sobre métodos, linhas, processos e percursos possíveis da criação na direção de arte de projetos audiovisuais de ficção.

Edição: Wellton Máximo

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