PF indicia Abílio Diniz e mais 42 investigados por fraude sobre carne

Indiciamento ocorre na Operação Trapaça, continuação da Carne Fraca

Publicado em 15/10/2018 - 19:38 Por Camila Maciel – Repórter da Agência Brasil - São Paulo

A Polícia Federal no Paraná indiciou o empresário Abílio Diniz e mais 42 investigados na Operação Trapaça, que é um desdobramento da Operação Carne Fraca. A empresa BRF Brasil é investigada por fraudar resultados de análises laboratoriais relacionados à contaminação pela bactéria Salmonella pullorum. As fraudes foram constatadas entre 2012 e 2015.

Entre os indiciados, está também o ex-diretor-presidente global da BRF Brasil, Pedro de Andrade Faria. Eles são investigados por estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e crime contra a saúde pública.

O relatório do delegado da Polícia Federal (PF) Maurício Moscardi aponta que as fraudes em laudos relacionados à presença da bactéria envolviam quatro fábricas da BRF Brasil Food. A intenção era burlar requisitos sanitários de exportação para África do Sul, Argélia, Coreia do Sul, Israel, Irã, Macedônia, Maurício, Tadjiquistão, Suíça, Ucrânia, Vietnã e União Europeia.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as exportações dessas fábricas da BRF para esses 12 destinos estão suspensas.

A BRF é uma das maiores empresas de alimentos do mundo, dona das marcas Sadia, Perdigão e Qualy.

Outro lado

Em nota à imprensa, a assessoria de Abílio Diniz disse que o empresário não cometeu nenhuma irregularidade como presidente do Conselho de Administração da BRF. Diz ainda que “o indiciamento não indica culpa, mas apenas que a autoridade policial considera haver indícios de atos ilícitos, o que será apreciado ainda pelo Ministério Público”.

A BRF disse, em nota, que afastou preventivamente todos os funcionários citados no relatório do inquérito da Polícia Federal até o esclarecimento dos fatos e que a empresa tem como princípio a tolerância zero com qualquer tipo de conduta indevida.

“A BRF vem mantendo conversas de forma ampla e transparente com as autoridades encarregadas das investigações, com o objetivo de colaborar com o esclarecimento dos fatos. Ao mesmo tempo, prosseguirá as avaliações internas lideradas pelo Comitê Independente de Investigação, ligado ao Comitê de Auditoria Estatutário, que tem mandato para elucidar todos os fatos que foram ou venham a ser levantados”, diz a nota.

Atualizada às 15h30 do dia 16/10/2018 para incluir resposta da BRF

Edição: Davi Oliveira

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