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Chefe da Polícia rebate acusação de que protege assassinos de Marielle

Delegado ainda garantiu que o caso está "muito próximo" da elucidação
Douglas Corrêa - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 01/11/2018 - 22:14
Rio de Janeiro

O chefe de Polícia Civil do Rio, delegado Rivaldo Barbosa, rebateu as acusações feitas pelo miliciano Orlando de Oliveira Araújo, o Orlando Curicica, que está preso na Penitenciária Federal de Mossoró (RN), em entrevista ao jornal O Globo, em que acusa a Polícia Civil do Rio de não ter interesse em elucidar o caso Marielle.

Além de rebater as acusações do miliciano, o delegado-chefe também prometeu resolver o duplo homicídio de Marielle Franco e Anderson Gomes em pouco tempo: “Dentro desse propósito, o chefe de Polícia Civil garante: o caso Marielle e Anderson está muito próximo de sua elucidação".  

Integrantes da corporação, incluindo até o chefe de Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, teriam montado, segundo ele, uma “rede de proteção” aos “capos” da contravenção envolvidos em assassinatos.

A mesma denúncia constaria de depoimento de Curicica à Procuradoria-Geral da República (PGR), que já avaliava a possibilidade de federalizar a investigação há cerca de um mês.

Barbosa repudiou, em nota, “a tentativa de um miliciano altamente perigoso, que responde a 12 homicídios, de colocar em risco uma investigação que está sendo conduzida com dedicação e seriedade”.

O chefe de Polícia Civil diz ainda no texto que “ao acusado foram dadas amplas oportunidades pela Polícia Civil para que pudesse colaborar com as investigações do duplo homicídio dentro do estrito cumprimento da lei”.

Além de investigado no caso Marielle e Anderson, o miliciano foi indiciado pela Delegacia de Homicídios da Capital por 10 assassinatos e é também acusado de outras duas mortes e ocultação de cadáver, crimes apurados pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros.

Rivaldo Barbosa disse que a transferência do preso para uma unidade federal foi determinada pelo Poder Judiciário por conta de outro processo, anterior ao de Marielle e Anderson, devido à sua alta periculosidade.

O delegado explicou na nota, “que não causam surpresa as ilações feitas pelo preso, tendo em vista que, historicamente, chefes de organização criminosa, notadamente milícias, utilizam-se desse artifício para desmoralizar e desacreditar instituições idôneas e seus membros”.

Rivaldo Barbosa falou também da seriedade em que o caso vem sendo apurado e que “nenhum esforço está sendo poupado para a elucidação do caso Marielle e Anderson, cabendo ressaltar que todas as técnicas e recursos disponíveis têm sido empregados no trabalho de investigação”.

Polícia Federal

Também nesta quinta-feira (1º), o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciou em entrevista coletiva em Brasília que a Polícia Federal vai apurar interferências na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em março deste ano. O Ministério Público e a polícia civil estaduais seguem na apuração do homicídio em si que, depois de quase oito meses, ainda não tem nenhum responsável identificado.

Segundo Jungmann, o Ministério Público Federal obteve dois depoimentos com denúncias de que uma organização criminosa teria atuado para desviar as investigações e dificultar a identificação dos autores e mandantes do assassinato. A PF entra no caso depois de um pedido da Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge. Já o Ministério Público do Rio de Janeiro cobrou o compartilhamento desses depoimentos.