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Arrecadação para restauração da Escadaria Selarón chega a R$ 132 mil

Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 06/11/2019 - 17:16
Rio de Janeiro
Projeto da Escadaria Selarón bate meta de arrecadação antes do prazo previsto
© Tânia Rego/Agência Brasil

O financiamento coletivo do projeto de revitalização da Escadaria Selarón, na Lapa, Rio de Janeiro ultrapassou a meta de arrecadação na última segunda-feira, 26 dias antes do prazo. Por meio de uma vaquinha virtual, foram arrecadados R$ 44 mil e para cada R$ 1 doado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pagará o dobro, o que significa que nessa primeira etapa, a arrecadação atingiu R$ 132 mil, incluindo os R$ 88 mil que serão aplicados pelo banco .

A campanha teve mais de 343 benfeitores de diversos países do mundo e arrecadou fundos para criar um inventário profissional e digitalizado da obra do artista plástico chileno Jorge Selarón.

O projeto Selarón Pedaços do Mundo foi selecionado pelo edital Matchfunding de Cultura do BNDES com o objetivo de inventariar as peças de cada degrau da escadaria, que é um dos pontos turísticos mais visitados do Rio. Os mais de 2 mil azulejos vindos de cerca de 60 países serão contados e catalogados

Segundo o museólogo André Angulo, do Museu da República, coordenador do Plano de Gestão da Escadaria Selarón Pedaços do Mundo, o projeto vai exigir investimento estimado em R$ 1,5 milhão.

O inventário vai gerar produtos importantes para a categoria de guias turísticos, como um aplicativo no qual qualquer cidadão pode identificar a localização dos azulejos, seja por sua procedência, seja pela temática que apresentam, segundo o museólogo. “Isso vai ser feito com os recursos já arrecadados.”

Também será criado o Centro de Interpretação Digital da Escadaria do Selarón, com a digitalização em 3D e catalogação do conjunto de azulejos que estarão disponíveis em site e em aplicativo para celular. Com isso, será possível identificar facilmente as características de toda a obra, o local de origem de cada peça, a data, as técnicas utilizadas, entre outras informações.

Bandeira

Considerada o terceiro ponto turístico mais visitado do Rio de Janeiro, depois do Cristo Redentor e do Bondinho do Pão de Açúcar, a Escadaria Selarón começou a ser construída por Jorge Selarón em 1994, durante a Copa do Mundo de Futebol, vencida pelo Brasil. Ele se inspirou na bandeira brasileira que completa, este ano, 180 anos de adoção, em substituição à bandeira do império, e que fecha a escadaria, no alto. “Ele começa a fazer isso inspirado na bandeira do Brasil.”

A campanha de financiamento coletivo contabilizou mais de 343 benfeitores de diversos países do mundo. O projeto foi apresentado ao BNDES pela Liga Independente de Guias de Turismo do Rio de Janeiro (Liguia) e pela Associação Novo Polo Rio Antigo, que reúne os bares, restaurantes e outros empreendimentos comerciais do bairro boêmio da Lapa, região central do município.

O projeto prevê um plano de gestão participativa para a escadaria. "A ideia é envolver setor público, moradores da região, guias de turismo, em relação à conservação preventiva e à investigação sobre a origem desses azulejos e a comunicação disso mais apropriada, com outros instrumentos”, disse Angulo.

Como a meta foi alcançada antes do prazo final, o edital do BNDES prevê uma nova fase de captação de recursos por crowdfunding (financiamento coletivo) até 1º de dezembro. A segunda etapa visa arrecadar R$ 15 mil para a restauração dos patamares da escadaria Selarón, mapeamento de danos e riscos da base de sustentação.

Tombamento

A Escadaria Selarón foi tombada de forma provisória pelo governo municipal, em 2005, por meio do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), mas nunca houve um levantamento da quantidade exata de azulejos usados (estima-se que sejam mais de dois mil), do tipo e das técnicas utilizadas nas cerâmicas e dos países representados na obra.

De acordo com André Angulo, o inventário é uma ação imediata que vai possibilitar o tombamento definitivo no âmbito da municipalidade, como patrimônio cultural carioca. “E, com o inventário, será possível fazer o tombamento nas outras duas esferas: estadual, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), e federal, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)”, disse.

Para alcançar o valor total de R$ 1,5 milhão, necessário ao projeto completo de gestão participativa da escadaria, a intenção é inscrevê-lo nas leis de incentivo à cultura nos âmbitos federal e estadual e participar de novos editais do BNDES, incluindo o novo edital de Matchfunding, em 2020.

O museólogo disse ainda que o inventário começará a ser produzido a partir do final de dezembro, com o trabalho se estendendo por quatro meses. Segundo ele, com a verba de R$ 1,5 milhão, o processo de levantamento de dados e restauração seria concluído em um ano e seis meses. Ainda não há, entretanto, nem verba nem data estabelecida para que esse trabalho seja iniciado.

A escadaria criada por Jorge Selarón foi palco de videoclipes de artistas internacionais, como Walk On, do U2, e Beautiful, de Snoop Dogg e Pharrell Williams. Os benfeitores receberão certificados de agradecimento e catálogos de azulejos personalizados com seu nome.

Concurso

Para aumentar o engajamento do financiamento coletivo nas mídias sociais, foi lançado concurso para selecionar e premiar as melhores fotos da escadaria. Para participar, basta postar uma imagem com as ‘hashtags’ #selaronpedacosdomundo e #eutonanuvem. Os ganhadores vão concorrer a prêmios e terão a possibilidade de ter a própria foto impressa e exposta no Museu da República. (Alana Gandra)