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Geral

Melhora na saúde contribuiu para aumento da expectativa de vida

Avaliação é de demógrafo do IBGE
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 28/11/2019 - 16:25
Rio de Janeiro
Brasília - A Parada do Orgulho LGBT de Brasília leva uma multidão à Esplanada dos Ministérios (Antonio Cruz/Agência Brasil)
© Antonio Cruz/Agência Brasil

A melhora generalizada nas condições de saúde e o desenvolvimento da medicina estão entre os fatores que atuaram em conjunto para o avanço da média de expectativa de vida do brasileiro de 1940 a 2018. No período, o aumento foi de 30,8 anos passando de 45,5 anos para 76,3 anos. A coleta de lixo e o tratamento da água também contribuíram, como também a importação de medicamento e as campanhas de vacinação lançadas no país.

A avaliação é do demógrafo do IBGE Luciano Gonçalves, que participou da elaboração da Tábua Completa de Mortalidade para o Brasil - 2018, divulgada, hoje (28), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com Luciano Gonçalves, nas últimas décadas se observa um cuidado maior das pessoas contra o que se chama de man made diseases, que são as doenças causadas pelo homem, resultantes do consumo excessivo de álcool, do tabagismo, de uma vida sedentária sem atividades físicas e de alimentação precária. Tudo isso junto joga contra o aumento da longevidade, acredita o pesquisador.

“A gente percebe, principalmente, nas gerações a partir da década de 90, as gerações saúde, que diminuíram expressivamente o uso do tabaco e são muito dedicadas à atividade física, com alimentação mais regrada e sono que repõe as energias. Todos esses fatores combinados a partir da década de 50 foram os responsáveis pela queda na mortalidade. Quando a mortalidade cai a longevidade aumenta”.

Mulheres

O demógrafo disse que não só no Brasil, mas em vários países, as mulheres vivem mais que os homens. Conforme os dados de 2018, a diferença é de aproximadamente de 7 anos. O que significa que uma menina ao nascer tem a expectativa de viver mais 7 anos que um menino na mesma condição. Ele acrescentou que, na década de 50, a diferença de esperança de vida ao nascer era de 3 anos. De lá para cá, as mulheres aumentaram o ritmo na elevação da expectativa, enquanto os homens em velocidade menor.

“As mulheres foram ganhando posições ao longo dos anos. Isso se dá por causa do comportamento das mulheres ao longo dos anos. É notório que as mulheres se cuidam muito mais que os homens. Elas são muito mais preventivas que reativas. Elas ao sentirem um incômodo já correm para o médico e fazem uma bateria de exames. Tornam isso rotina preventiva. Os homens já são diferentes. Se uma doença mais grave assola uma mulher, ela tem chances de se curar porque geralmente descobre no início”, explicou.

Luciano Gonçalves disse, no entanto, que essa diferença tende a diminuir com o passar dos anos, porque existe o limite de alcance da idade, o que será atingido antes pelas mulheres. Enquanto isso os homens continuarão avançando na expectativa de vida.

Para o demógrafo, a escolaridade da mulher tem relação com a queda da mortalidade infantil. Na década de 40, aproximadamente 146 crianças em mil que nasciam morriam antes de completar 1 ano de vida. Em 2018, para cada mil crianças que nascem apenas 12,4 morrem antes dessa idade.

Segundo ele, além das melhorias das condições de saúde e de saneamento e as campanhas de vacinação, essa queda brusca ocorreu, especialmente, por causa da evolução da escolaridade das mulheres, que ainda são responsáveis pela maior parte dos cuidados da casa e dos filhos.

“Quando se fala em escolaridade, se pode pensar no sentido mais amplo. Não só a escolaridade de sala de aula, mas o conhecimento com a facilidade dos meios de comunicação, das redes sociais, dos programas e TV e de rádio, os jornais. Uma mãe mais educada e esclarecida tem condição de cuidar do seu bebê e fazer essa criança sobreviver, principalmente, o seu um ano de vida”, disse.

Regiões

Quanto à diferença de perfis entre as regiões brasileiras, onde normalmente os estados da Região Sul e Sudeste são mais desenvolvidos que os do Norte e Nordeste, se reflete na expectativa de vida, disse o demógrafo. Os estados do Sul e do Sudeste estão avançados tanto na queda da mortalidade quanto da fecundidade na comparação com os das outras regiões.

Na visão do pesquisador, esse quadro mostra a necessidade de ampliação das políticas de Estado na melhoria do saneamento básico, da coleta de lixo, no tragamento de esgoto e da possibilidade da água encanada chegar na casa das pessoas.