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Crise do coronavírus já custa R$ 3,9 bilhões a operadoras de turismo

Perdas de 2020 equivalem a cerca de 25% do faturamento de 2019
Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
Publicada em 14/04/2020 - 16:51
Rio de Janeiro
Aeroporto Internacional de Guarulhos; coronavírus COVID-19; Guarulhos
© Arquivo/REUTERS/Roosevelt Cassio/Direitos reservados

O impacto das medidas adotadas para conter a pandemia do novo coronavírus nas operadoras de turismo brasileiras já soma R$ 3,9 bilhões em adiamentos e cancelamentos de viagens, que já passam de 90% até maio.  Os dados foram divulgados hoje (14) pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), que pede a implementação rápida de políticas públicas de apoio ao setor turístico.

As operadoras de turismo são empresas que montam pacotes e programas de viagens que são comercializados pelas agências, e a perda contabilizada em 2020 já equivale a cerca de 25% de todo o faturamento das operadoras em 2019, que foi de R$ 15,1 bilhões. 

Segundo o balanço, 90,4% dos embarques programados para março foram adiados ou cancelados. O percentual sobe para 96,2% se considerados os embarques de abril e abrange 94,2% das viagens marcadas para maio.

Os adiamentos e cancelamentos já atingem 63,5% das viagens vendidas para junho, e, em média, 26,9% de todos os embarques programados para o segundo semestre de 2020. O impacto se estende até 2021, ano em que já há 3,8% de viagens adiadas ou canceladas.

Os cancelamentos de viagens afetaram 98% das operadoras ouvidas pela pesquisa, e 36% delas afirmam que o percentual de embarques cancelados passou de 75% do total previsto.

Um terço dos clientes que cancelaram as viagens já recebeu o reembolso à vista, 43% ainda estão no período de carência para reembolso, 11% optaram por carta de crédito e 10% serão pagos de forma parcelada ou negociada.    

Sobre os adiamentos de viagens, três quartos das operadoras afirmam que eles superam 50% do total de embarques programados.

Vendas

Assim como as viagens já marcadas, as vendas de novos embarques foram severamente afetadas pela pandemia. Segundo a Braztoa, 45% das empresas do setor não realizaram nenhuma venda em março. Outras 45% atingiram, no máximo, o equivalente a 10% do movimento registrado em março de 2019.

Como 70% das vendas realizadas são para o segundo semestre de 2020, a associação prevê que a efetivação das viagens pode ser comprometida se a pandemia se estender, o que pode trazer mais adiamentos e cancelamentos.

Empregos

A pesquisa da Braztoa aponta que 10% dos trabalhadores das operadoras de turismo foram demitidos entre 29 de fevereiro e 31 de março. As demissões somam 642 pessoas, segundo a associação. O percentual de empresas que planeja demitir em abril chega a 45%, enquanto 55% declararam que não farão cortes.

O percentual de demissões previstas para este mês pode chegar a 75% do total de funcionários para 4% das operadoras de turismo que pretendem demitir, e ficar entre 50% e 75% dos trabalhadores para 15% dessas empresas.

As operadoras também responderam sobre as medidas que foram adotadas para evitar demissões: 78% promoveram reduções de carga horária e salário, 74% deram férias, 22% concederam licenças remuneradas e 20% suspenderam contratos de trabalho temporariamente.

Retomada

Metade das empresas do setor acredita que a retomada das vendas se dará ainda em 2020. Uma parcela de 12% aposta que a recuperação pode ocorrer até o mês de julho, e 36% vê o segundo semestre como momento de retomada. 

Para 43% das operadoras, a comercialização de viagens voltará ao normal apenas em 2021. Uma parcela de 9% ainda não consegue prever uma retomada.

O balanço da associação aponta que a retomada prevista para o segundo semestre deve começar por viagens domésticas, que são mais acessíveis financeiramente e transmitem maior segurança aos viajantes.

Entre os maiores problemas para a recuperação das vendas após a pandemia, 75% das operadoras aponta a falta de demanda por problemas financeiros que serão causados por demissões e reduções de salários de trabalhadores de diversos setores. Para 66% das empresas, haverá falta de demanda por insegurança sanitária, e 41% das operadoras se preocupam ainda com a falta de recursos para realizar ações de marketing e promoções.

A pesquisa apontou também que 39% das empresas não têm clareza se ações adotadas pelo governo poderão beneficiá-las. Para 50%, as ações trarão benefício, mas apenas 22% disseram saber como utilizá-lo.