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Produtor rural fala à TV Brasil sobre ajuda a indígenas em MS

Programa vai ao ar nesta quarta-feira (15), às 23h
TV Brasil
Publicado em 15/04/2020 - 11:03
Brasília
O produtor rural Omar Taleb, de Mato Grosso do Sul, fala à TV Brasil
© TV Brasil

Radicado, há mais de 20 anos em uma região marcada por conflitos de terra e onde está concentrada uma das maiores populações indígenas do país – Mato Grosso do Sul, com mais de 70 mil indígenas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – o produtor rural Omar Taleb decidiu trilhar um caminho diferente de outros fazendeiros. Ele trocou as disputas com os povos da região por uma espécie de parceria, para que essas populações se desenvolvam de forma autônoma e possam sobreviver com dignidade, educação e saúde de qualidade.

Na semana que antecede as comemorações do Dia do Índio, o programa Impressões, da TV Brasil, fala da autonomia indígena por meio de iniciativas que visam à geração de renda e ao aumento do bem-estar desses povos. No episódio de hoje (15), que vai ao ar às 23h, Omar Taleb conta como fez os primeiros contatos com os povos da aldeia Lima Campo – entre as cidades de Dourados e Ponta Porã. A ideia que ele levou para os líderes indígenas foi a implantação do cultivo de erva mate, como um passo inicial que deverá se desenvolver paralelamente a outras plantações que garantam alimentos para consumo próprio e a comercialização dos produtos.

“Nossa ideia é promover um impulso, para que [com o tempo] essa assistência se torne cada vez menos necessária e eles possam produzir tanto para consumir quanto para comercializar”, explicou.

Atualmente, dentro da aldeia, a condição de sobrevivência é bastante grave, segundo Taleb. Ele conta que a fertilidade da terra está exaurida e, por isso, o reforço de uma ajuda para manter a capacidade produtiva seria essencial no primeiro momento, além de garantir saúde de melhor qualidade e a retomada da escola que já funcionou no local. Um acordo recente com a prefeitura de Ponta Porã sinalizou a retomada da educação para as crianças, que hoje estudam fora da aldeia e sem fundamentos do ensino indígena. Ainda não há, no entanto, perspectivas sobre quando as aulas na unidade construída pelos povos será retomada.

Na conversa com a jornalista Katiuscia Neri, Taleb lembrou como foi o primeiro contato com as lideranças locais. “Como produtor rural, represento um risco a tudo o que eles vivem”. Mas, atualmente, Kaleb comemora uma relação pacífica e admite que seu projeto tem um viés maior, carregado de expectativa de tempos menos conflituosos na região.

“Existe uma diferença imensa em termos de oportunidade, de crescimento e usufruto da terra e dos recursos no entorno, e a minha ideia seria tentar equilibrar isso, até para compensar a omissão do Estado alí”, lamentou.

Para o proprietário dos mais de 10 mil hectares localizados na região, qualquer processo de regularização das terras e auxílio à produção desses povos precisa ter como princípio o respeito às necessidades indígenas e a garantia da dignidade dessa população.

“A ideia é promover o desenvolvimento, mas da maneira como eles preconizam. Atender demandas mais básicas para que essa roda gire de acordo com os valores e lógica deles”, defendeu.