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Saga de Harry Potter completa 20 anos no Brasil

Sucesso mundial, Harry Potter ainda figura entre livros mais vendidos
Mariana Tokárnia - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 01/05/2020 - 11:00
Rio de Janeiro
Revellers from Aguia de Ouro samba school perform dressed up in Harry Potter themed costumes during the second night of the Carnival parade at the Sambadrome in Sao Paulo
© REUTERS/Amanda Perobelli/Direitos Reservados

Iane Filgueiras tinha 13 anos quando devorou em três dias as 700 páginas do livro Harry Potter e a Ordem da Fênix, o quinto de sete volumes da saga escrita pela britânica J. K. Rowling. “Eu gostava de ler, mas nunca tinha lido algo tão grande”, diz a jornalista. “Me incentivou bastante a não ter medo de livros grandes.”

Hoje, com 30 anos, Iane faz parte da geração que cresceu junto com o bruxo, que a cada livro tinha um ano a mais, e que, junto com ele, tomou gosto pela leitura. “A minha mãe chegou a falar que ia me proibir de ler, porque eu ia tomar banho e levava o livro, eu estava comendo e lia o livro, precisava saber o que ia acontecer.” 

Em abril, Harry Potter completou 20 anos no Brasil, contados desde que os livros foram traduzidos e chegaram às livrarias nacionais. Atualmente, o país é o sétimo mercado de livros do bruxo, com mais de 5 milhões de cópias vendidas. Em todo o mundo são 450 milhões de livros vendidos. Ao todo, Harry Potter foi traduzido para mais de 70 idiomas. 

Os livros contam a história de um menino que, aos 11 anos, recebe uma carta para estudar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Harry, que vive com os tios, descobre, então, um mundo que, por magia, se sobrepõe e se esconde em meio às ruelas, esquinas e bairros do mundo dos não bruxos, os chamados trouxas. Descobre também que é uma criança famosa e o único capaz de derrotar o poderoso bruxo Voldemort, que ameaça a paz entre os dois mundos. 

Os sete livros foram originalmente lançados entre 1997 e 2007, no Reino Unido. No Brasil, chegaram a partir de 2000, publicados pela editora Rocco. Em 2001, os primeiros volumes traduzidos chegaram às mãos de Iane, que tinha, na época, 10 anos. “Estava prestes a fazer 11 anos e fiquei naquela expectativa da chegada da minha carta para Hogwarts. Só que não chegou”, brinca. 

Marco na literatura

“Harry Potter é um marco para a literatura juvenil no mundo, não só para a literatura brasileira, é um divisor de águas”, diz o diretor de Marketing da Rocco, Bruno Zolotar. “A leitura do público infantojuvenil era, até então, muito do que a escola indicava, do que tinha nas bibliotecas. Harry Potter foi um marco porque não foi a mãe que mandou ler ou a escola. Os jovens tiveram interesse por essa história. Não só aqui no Brasil, mas no mundo, muita gente entrou na leitura e desenvolveu hábito de leitura através de Harry Potter”.  A editora lançou, em comemoração ao aniversário, novas edições de capa dura e box especial para os fãs colecionadores.  

Além da literatura, a criação de J. K. Rowling ganhou as telas do cinema, virou parque temático nos Estados Unidos e transformou-se em milhares de brinquedos, roupas, acessórios e souvenirs. A franquia Harry Potter como um todo é estimada em aproximadamente US$ 25 bilhões. 

O universo de Harry Potter invadiu até mesmo a política brasileira. Em 2016, o Brasil passava por um processo de impeachment presidencial. Entre o discurso de despedida da presidente afastada Dilma Rousseff e a posse do, então, presidente interino, Michel Temer, surgiu nas redes sociais um novo nome para disputar a faixa presidencial brasileira: o bruxo Dumbledore. No dia 12 de maio daquele ano, a hashtag #DumbledorePresidente ficou entre as mais comentadas do Twitter.

O motivo era simples. Para os internautas, se Dumbledore conseguiu dirigir a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts em meio a uma crise instaurada pelo vilão Voldemort, capaz de matar alguém com um movimento de varinha, certamente conseguiria tirar o Brasil da crise política e econômica.

Novos leitores 

Vinte anos após o lançamento no Brasil, a saga ainda conquista leitores. Foi em meio à pandemia do novo coronavírus que Miguel, 9 anos, começou a ler Harry Potter e a Pedra Filosofal, o primeiro da série. “Comecei ontem, estou na página 17”, conta. Mas o bruxo já é um velho conhecido. “Conheci quando minha tia veio passar as férias no Rio de Janeiro. Eu estava no hotel com ela e o filme passou na televisão. Eu gostei.”

O personagem preferido de Miguel é o próprio Harry e ele está seguro ao dizer que se fosse convocado para estudar em Hogwarts ficaria na mesma casa que o personagem principal, Grifinória. 

Miguel não é o único novo leitor. De acordo com Zolotar, as vendas dos sete livros aumentaram cerca de 40% nas últimas quatro semanas, período em que foram acirradas as medidas de isolamento social para conter o avanço do vírus.