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RJ: acampados saem de terreno da Petrobras em Itaguaí

Houve resistência do grupo, que tentou evitar a entrada da polícia
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 01/07/2021 - 17:10
Rio de Janeiro
A Polícia Militar do Rio de Janeiro cumpre hoje (1º) um mandado de reintegração de posse de um terreno da Petrobras, na avenida Deputado Otávio Cabral, sem número, em Itaguaí, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
© Tânia Rêgo /Agência Brasil

Um homem foi atingido no olho por um tiro de bala de borracha e uma mulher passou mal durante ação de reintegração de posse hoje (1º) do terreno da Petrobras, na Avenida Deputado Octávio Cabral, em Itaguaí, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 

A Polícia Militar chegou no início da manhã ao local para o cumprimento da ordem do juízo da 2ª Vara Cível de Itaguaí. Policiais do Batalhão de Choque e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) foram para o local e acompanharam as negociações com oficiais de justiça para a retirada das famílias. Houve resistência dos acampados, que não permitiram a entrada de policiais, montaram uma barreira no portão e tocaram fogo em madeiras para dificultar a passagem dos agentes.

Depois de usarem bombas de efeito moral, os policiais conseguiram entrar, inclusive com um carro blindado que jogava água nos moradores e em barracos de madeira com cobertura de lona, que estavam pegando fogo. Um grupo de acampados correu para os fundos do terreno e vários focos de fogo começaram a surgir. O incêndio se alastrou por causa da vegetação seca do local. Os bombeiros do quartel de Itaguaí foram acionados às 8h05 e 10 minutos depois receberam o reforço dos colegas de Sepetiba. Com a saída de acampados, máquinas retroescavadeiras começaram a derrubar os barracos.

Moradores reclamaram da atuação da polícia, que segundo eles, jogou bombas de forma geral contra os acampados, o que foi negado pelo comandante do Batalhão de Choque, tenente-coronel Vinícius Carvalho. “Algumas pessoas saíram voluntariamente, pacificamente desocuparam o terreno. No entanto, a grande maioria, incitada por algumas pessoas, optou por permanecer e resistir à ordem legal de desocupar o terreno. A nossa ação foi pautada em técnicas para minimizar ou eliminar este tipo de efeito colateral”, disse.

Prefeitura

A Prefeitura de Itaguaí informou, que diante da previsão de desocupação do terreno da Petrobras, tentou fazer antecipadamente o cadastramento das famílias acampadas por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, Apesar disso, segundo a prefeitura, “foi impedida pelas lideranças do movimento”.

A administração municipal acrescentou que a tentativa de cadastramento constava dos autos da decisão judicial de reintegração de posse seguindo as orientações do Estado e do poder judiciário. “A Secretaria de Assistência Social do município está no local dando suporte e tomando todos os cuidados referentes aos procedimentos para evitar contaminação da covid-19”, afirmou em nota.

Ocupação

Os acampados começaram a chegar à área no início de maio e pouco tempo depois a Petrobras garantiu na justiça, a reintegração de posse do terreno. As famílias foram notificadas, mas não deixaram o local e a Defensoria Pública do Rio de Janeiro conseguiu suspender a decisão. Depois disso, a Petrobras recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que acatou o pedido da companhia. 

Na decisão do dia 2 de junho, o presidente do Tribunal, Humberto Martins, afirmou que é evidente a violação à ordem pública e que a área invadida, declarada como utilidade pública por decreto federal, está ligada diretamente ao abastecimento de combustíveis, segundo ele, uma atividade essencial ao desenvolvimento nacional. “Nesse sentido, a invasão causa distúrbios na utilização de interesse público dessa área, desorganizando também a atividade da administração pública”, apontou.

TJRJ

De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), após a decisão do presidente do STJ para a reintegração de posse do terreno pela Petrobras, começou a preparação para a remoção das pessoas que se instalaram no terreno. O Tribunal informou ainda que para montar a estrutura, o juízo da 2ª Vara Cível realizou três audiências especiais, que contaram com a presença do prefeito de Itaguaí, Rubem Vieira de Souza, dos secretários dos Equipamentos Municipais e de Assistência Social do Estado do Rio de Janeiro, promotores de Justiça, defensores públicos e de representantes da Polícia Militar.

Nas medidas preparatórias estava previsto o uso de escolas municipais, para servirem de abrigo temporário e fornecimento de colchonetes, de quatro refeições diárias, de kits de proteção da covid-19, de transporte e a alocação de bens.

Conforme o juízo da 2ª Vara Cível de Itaguaí, a preocupação foi manter as garantias individuais, assistência e apoio aos ocupantes. “Razão pela qual somente foi determinado o cumprimento da ordem de reintegração, após a verificação de que a estrutura estava de fato pronta para atender aqueles que dela necessitassem”, informou o TJRJ.

Ainda pela manhã, em nota, a Petrobras disse que o mandado expedido pela 2ª Vara Cível de Itaguaí para a reintegração de posse do terreno estava sendo cumprido “conforme anteriormente autorizado pelo Presidente do Superior Tribunal de Justiça, com o apoio da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Itaguaí, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro e da Polícia Militar, a fim de garantir a desocupação segura e pacífica do imóvel na Rua Deputado Octávio Cabral, em Itaguaí”.

A companhia acrescentou que para o cumprimento da ordem judicial, forneceu kits com álcool em gel e máscara, ofereceu transporte até três rodoviárias próximas ao município de Itaguaí, e serviço de armazenamento e guarda de bens em depósito contratado pela própria companhia. A Petrobras informou ainda que preparou apoio para os moradores. “Foram providenciados alimentação, colchonetes e cobertores para atender às pessoas que ficarão temporariamente em abrigos disponibilizados pela Prefeitura”, completou.