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Cultura

Live comemora nesta quinta-feira 30 anos de Dalal Achcar no Municipal

Bailarina tem vasta trajetória na dança nacional
Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 08/07/2021 - 15:18
Rio de Janeiro
Dalal Achcar
© Divulgação/Theatro Municipal do Rio de Janeiro

O encontro entre dois nomes famosos do balé nacional é o tema da live (transmissão ao vivo pela internet) Nora Esteves conversa com Dalal Achcar: 30 anos de história no Municipal, que o Theatro Municipal do Rio de Janeiro (TMRJ) promove nesta quinta-feira (8), a partir das 17h30, no Facebook . A classificação é livre.

O evento ocorre a poucos dias da comemoração dos 112 anos de fundação do TMRJ, que serão completados no próximo dia 14, com programação especial, e pode ser visto também no YouTube.

Em entrevista à Agência Brasil, a bailarina Nora Esteves destacou a vasta trajetória de Dalal Achcar na dança nacional. No Theatro Municipal do Rio, permaneceu 30 anos como diretora do balé por diversas vezes e, nos anos de 1980, como presidente da Fundação Theatro Municipal, acumulando as duas funções. “A trajetória dela é muito importante, porque deu uma mexida muito grande na companhia de balé”, disse Nora, que em 1981, coincidindo com a entrada de Dalal na instituição, retornava ao Brasil depois de trabalhar cinco anos na França.

Mudanças

Segundo Nora Esteves, um dos grandes problemas do teatro era o número reduzido de récitas. “Com a Dalal, passamos a ter 22, 24 récitas. Era muito interessante. Além disso, ela trouxe grandes balés para o repertório, com grandes montagens. Estreou no Municipal com Coppelia, que era uma versão do American Ballet Theater, e começou a trazer bailarinos de primeira grandeza para dançar com as primeiras bailarinas [Nora Esteves, Ana Botafogo e Cecília Kerche]”. Nora lembrou, entre outros, de Fernando Bujones e Lázaro Carreño, do Ballet Nacional de Cuba.

Como eram balés grandes do repertório clássico, com dois a quatro atos, as primeiras bailarinas se revezavam nas apresentações no palco. Essa troca permitia, além do descanso entre as récitas, que elas trocassem informações entre si. “Porque você, vendo, aprende muito. Sempre gostei de ver as minhas colegas em papéis que eu fazia, porque sempre tirava alguma coisa interessante para mim. A Dalal proporcionou isso tudo. Ela deu uma revigorada na companhia”, afirmou Nora Esteves.

A primeira bailarina do Municipal do Rio destacou também que Dalal Achcar foi uma presença muito marcante e continua atuante. Formou um grupo de jovens bailarinos, que nomeou Companhia Jovem, com a qual promoveu apresentações, mesmo durante a pandemia do novo coronavírus. “Ela agita sem parar. Não fica parada”. “Vai ser uma troca interessante, ela e eu”, afirmou Nora, que entrou para a Escola de Balé do TMRJ aos 8 anos de idade. Aos 14 anos, já fazia parte do corpo de baile e, aos 17 anos, foi escolhida primeira bailarina, função que exerce até hoje.

Para Nora, o encontro de hoje com Dalal Achcar tem muito a oferecer, principalmente aos jovens bailarinos. “É sempre interessante para qualquer geração. Para os jovens, mais ainda, porque a experiência é algo que a gente leva um tempo para adquirir e passar para os outros”, concluiu.

Currículo

Bailarina e coreógrafa. Dalal nasceu no Rio de Janeiro, tendo aprimorado seus conhecimentos em Paris, Nova York e Londres. Como coreógrafa, ficou famosa por criações de grande porte como Floresta Amazônica, Don Quixote e O Quebra-Nozes, considerado um dos melhores do mundo. Foi idealizadora e pioneira na criação de musicais infantojuvenis de grande sucesso como Cinderela, Sonho de uma Noite de Carnaval, Romeu e Julieta e Branca de Neve. Fundou a Associação de Amigos do Theatro Municipal, a primeira do gênero no país.

Quando foi presidente da Fundação Theatro Municipal do Rio, criou a série Educação com Arte, com espetáculos exclusivos de ópera e balé, com um programa de orientação aos professores, que foi assistido por milhares de alunos de escolas públicas do Rio de Janeiro. Temas brasileiros sempre foram sua paixão. Incentivou a produção de clássicos brasileiros com sua criação Floresta Amazônica e a realização de Gabriela e O Boto, além das produções de alta qualidade técnica e artística como Coppelia, Giselle, Romeu e Julieta, La Bayadère, O Lago dos Cisnes e O Morcego.

Na peça Abelardo e Heloísa, da série de cartas de amor, reuniu teatro, música instrumental, canto lírico e dança, usando os espaços do saguão e do foyer (salão onde o público aguarda o início do espetáculo) do TMRJ como cenário. Criou o primeiro curso superior de Formação de Professores de Dança do país, no Rio de Janeiro. Recebeu condecorações da Rainha Elizabeth II, com a Order of British Empire’; do ministro da Cultura da França como Chevalier de L´Ordre des Arts et des Lettres, sendo posteriormente elevada ao grau de Officier; do governo do Brasil, com a Ordem do Rio Branco e a Ordem do Mérito Cultural, no grau de comendador.

As informações foram divulgadas pela assessoria de imprensa do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.