Rio: obra de saneamento prevê remoção de 800 famílias do Jacarezinho

Moradores que serão retirados vivem em áreas de risco na comunidade

Publicado em 26/01/2022 - 14:38 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Cerca de 800 famílias, que vivem às margens dos rios Jacaré e Salgado, na comunidade do Jacarezinho, na zona norte do Rio, devem ser removidas do local no segundo semestre deste ano. Os moradores terão que sair por causa das obras de saneamento em andamento na região.

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) iniciou na segunda-feira (24) intervenções de limpeza e de desassoreamento, com retirada de entulhos e materiais que obstruem o escoamento natural dos dois rios. As obras fazem parte do Programa Cidade Integrada que o governo do estado desenvolve no Jacarezinho e na comunidade da Muzema, na zona oeste da cidade.

Segundo o Inea, para o segundo semestre, estão previstas obras de canalização do Rio Salgado; urbanização do entorno, com criação de espaços públicos de lazer; calçamento; implantação de ciclovias e pavimentação dos espaços públicos que margeiam o rio. O Inea informa que, após essa fase, será discutido com a comunidade o melhor modelo de reassentamento.

O instituto informou que o número de famílias que vivem em áreas de risco e deverão ser removidas é uma estimativa inicial e que as dimensões da faixa marginal de proteção vão variar, embora boa parte dos pontos invadidos seja de 2,5 metros.

Em resposta à Agência Brasil, o instituto informou que, nos próximos dias, técnicos do estado vão visitar visitar cada imóvel para traçar o perfil socioeconômico dos moradores. O melhor modelo para indenizar as famílias, seja por reassentamento ou indenizações pelas benfeitorias, ainda será discutido com a comunidade, acrescentou o Inea.

Nos dois primeiros dias de limpeza e desassoreamento dos rios, a Secretaria de Estado do Ambiente e o Inea retiraram 150 toneladas de resíduos. Estão previstos gastos de R$ 147 milhões, e as obras devem ser concluídas em até 32 meses.

O secretário do Ambiente, Thiago Pampolha, disse que o Programa Cidade Integrada foi planejado para garantir qualidade de vida e segurança ambiental para a população. “A Secretaria do Ambiente e o Inea vão atuar para que os moradores não sofram mais com o impacto das chuvas na região”, afirmou.

Inclusão

O Programa Cidade Integrada também prevê atividades para crianças e jovens na região do Jacarezinho. Na área de cultura, a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa  e a organização não governamental (ONG) Ação Social pela Música, assinaram termo de cooperação técnica que abre inscrições para aulas de música na sede da Orquestra da Biblioteca Parque de Manguinhos, onde poderão ser feitas as inscrições. Os interessados devem levar identidade, CPF e comprovante de residênci,a que pode ser em nome de pais ou responsáveis.

O objetivo do projeto de inclusão social é transformar a vida de crianças e jovens das comunidades. Promovido pela Ação Social pela Música, o projeto tem parceria com a operadora Claro, por meio da da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, e apoio da Superintendência de Leitura e Conhecimento da Sececrj. A perspectiva é atender até 150 alunos com idade a partir de 10 anos.

A orquestra será formada por jovens das comunidade de Manguinhos, Jacarezinho e localidades do entorno, que terão aulas de teoria musical e aprenderão a tocar o instrumento escolhido.

Segundo a diretora e fundadora da Ação Social pela Música, Fiorella Solares, o projeto trabalha tanto na inclusão socioeducativa quanto na cultural. “Durante as oficinas, o aprendizado é realizado em grupo, para incentivar a interação social. Aliado às aulas de música, também garantimos reforço escolar aos alunos que precisam desse apoio. Nossa proposta é ocupar o tempo desses jovens para que eles não tenham sua trajetória desviada para o caminho errado”, acrescentou.

Apreensão

Além das obras do Cidade Integrada, continuam as ações de ocupação de território para combate ao tráfico de drogas no Jacarezinho, que também fazem parte do programa.

Ontem (25), policiais civis da 35ª Delegacia de Polícia (DP) apreenderam na comunidade cerca de 200 quilos de maconha e skunk, uma espécie mais forte de maconha. A droga foi localizada sob o telhado de um galpão abandonado nas proximidades do Campo do Abóbora, após levantamento de dados de inteligência. A ação teve apoio do Departamento Geral de Polícia Especializada e do Departamento Geral de Polícia da Capital.

Ocupação

Segundo o governador do Rio, Cláudio Castro, as ações operacionais conjuntas das polícias Militar e Civil no Jacarezinho e na Muzema, que começaram há uma semana, consolidaram a retomada de território nas duas comunidades e representam o primeiro passo para implantação do programa, além de garantir o direito de ir e vir de cerca de 50 mil moradores.

Castro disse que a ação das polícias possibilitou as primeiras intervenções urbanas pelos setores da administração para viabilizar o Programa Cidade Integrada, cujo objetivo é levar desenvolvimento econômico e social às localidades.

Conforme dados do governo estadual, sem disparar um tiro, policiais militares e civis apreenderam em uma semana mais de 300 quilos de drogas, removeram 27 toneladas de concreto e ferro usados para obstruir vias públicas e prenderam 48 pessoas. Nesse período, houve 34 ocorrências de repressão a atividades criminosas do tráfico e de milicianos que exercem influência em várias comunidades. Os policiais combatem também invasões de áreas sob proteção ambiental, construções clandestinas e comércio ilegal de gás de cozinha.

A ação integrada das forças de segurança na quarta-feira 1.300 policiais – 800 militares e 500 civis. À Polícia Militar cabe o patrulhamento ostensivo e à Civil, a investigação e o cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão. O número de agentes nas comunidades foi reduzido após a retomada dos territórios. As ações são monitoradas diariamente em tempo real pelo Centro Integrado de Comando e Controle.

O texto foi ampliado às 16h02

Edição: Nádia Franco

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