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Empresa pública espanhola é referência na gestão da água

Canal Isabel II atende 7 milhões de madrilenhos
Pedro Peduzzi – Enviado especial*
Publicado em 13/06/2022 - 19:17
Foz do Iguaçu (PR)
Espanha Madrid, covid 19
© Reuters/Juan Medina/Direitos Reservados

Uma das experiências exitosas que ganharam destaque durante o primeiro Simpósio Global sobre Soluções Sustentáveis em Água e Energia, em Foz do Iguaçu (PR), é o da empresa pública espanhola Canal de Isabel II, reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como “operador de referência mundial na gestão de água e energias renováveis”.

Segundo a presidente da empresa espanhola, Paloma Martín, o sucesso dos serviços prestados pela empresa se deve, em parte, à “sinergia interna de uma empresa que atua em todo o ciclo da água”, o que inclui abastecimento, saneamento e depuração, que é “o pós uso e abrange tanto a limpeza da água como a geração de energia”.

Qualidade extrema

A empresa pública atende cerca de 7 milhões de habitantes com um serviço classificado como de “qualidade extrema” para a população da região de Madri, capital da Espanha. Durante a palestra, Paloma explicou que a Espanha é um país complicado que, em 40 anos, registrou 2,3 mil fenômenos climáticos extremos. Apenas com inundações, o país teve prejuízos de 1 bilhão de euros.

Ela explicou que o ciclo da água gera uma série de atividades ambientais que devem ser aproveitadas. “Usamos cachoeiras para produzir energia; aplicamos tratamentos avançados de recuperação ao lodo, resultante do processo de purificação para ser usado como fertilizante na agricultura; e, a partir disso, obtemos fertilizantes a partir dos nutrientes do lodo”, exemplificou.

Também por meio do tratamento dado ao lodo, a empresa produz biogás para geração de energia elétrica e para fornecimento de biometano para uso em veículos.

Paloma Martín acrescenta que a Canal de Isabel II também instalou usinas fotovoltaicas que geram energia utilizada por suas estruturas. A preocupação com a segurança energética ficou ainda maior após o conflito entre Rússia e Ucrânia, o que, segundo ela, alterou o mercado e acelerou o debate sobre a dependência energética no continente.

Autossuficiência

Gerente de Energia Elétrica da mesma empresa, Federico Vallés Figueras explica que o uso de energia fotovoltaica é voltado à depuração de águas já utilizadas pela população madrilenha. “Já o uso da tecnologia de biogás, a partir de resíduos, é voltado à geração de eletricidade”, disse.

“Aproveitamos todas as pequenas oportunidades para maximizar a geração de energias porque queremos ser a primeira empresa de água a ser totalmente autossuficiente, do ponto de vista energético”, acrescentou ao ressaltar também a preocupação em “reduzir ao máximo todo o impacto causado”.

Segundo Paloma, a empresa já produz o equivalente a 87% da eletricidade que consome.

Simpósio

O primeiro Simpósio Global sobre Soluções Sustentáveis em Água e Energia começou hoje (13) e vai até quarta-feira (15). Autoridades, sociedade civil, setor privado e especialistas em água, energia, ecossistemas terrestres e mudanças climáticas participam do evento, em Foz do Iguaçu (PR).

Organizado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da Organização das Nações Unidas (ONU Desa) e pela Itaipu Binacional, o simpósio pretende “compartilhar e explorar as melhores práticas em relação ao uso sustentável de água e energia”, tendo por base um contexto onde mais de 733 milhões de pessoas não têm acesso à eletricidade; e mais de 2 bilhões de pessoas são afetadas pelo estresse hídrico no mundo.

A situação pode ficar ainda pior, uma vez que, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), até 2035 o consumo de energia deverá aumentar em 50%, o que acarretará em um aumento de 85% do consumo de água do setor energético.

*O repórter viajou a convite da Itaipu Binacional