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Tiroteios no Rio crescem 29% no primeiro mês do ano, aponta instituto

Dados mostram acirramento das disputas entre milícia e tráfico
Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 10/02/2023 - 18:54
Rio de Janeiro

Levantamento do Instituto Fogo Cruzado aponta aumento de 29% no número de tiroteios na região metropolitana do Rio de Janeiro no primeiro mês do ano em comparação ao mesmo período de 2022. Foram 294 tiroteios contra 228.

No mês, 164 pessoas foram baleadas, sendo que 81 morreram e 83 ficaram feridas. Em janeiro de 2022, foram 122 baleados, com 64 mortos e 58 feridos. Conforme os dados, 14 pessoas foram vítimas de balas perdidas no Grande Rio em janeiro deste ano (com três mortes), sendo que oito foram atingidas durante ações ou operações policiais. O levantamento registra quatro chacinas na região metropolitana do Rio, com 16 mortos no total.

Os municípios com mais casos de tiroteios são Rio de Janeiro (194), Duque de Caxias (23), Niterói (14), São Gonçalo (13) e Nova Iguaçu (10).

Tráfico e milícia

O relatório mensal do instituto aponta ainda o acirramento das disputas por território entre milícias e facções do tráfico de drogas, principalmente na zona oeste da capital. Apenas a região teve nove tiroteios, o que significa que a cada quatro tiroteios entre grupos armados, um ocorreu na zona oeste.

Algumas das áreas que mais registraram conflitos foram Gardênia Azul, Cidade de Deus, Muzema e Curicica, assustando os moradores. Em Gardênia Azul, moradores relatam que os traficantes impõem toque de recolher e as famílias estão preocupadas com a volta às aulas na rede pública de ensino.

“Nós vemos que esses grupos têm tido movimentações estratégicas geograficamente, pensando na tomada de territórios. Nós estamos acompanhando ano após a ano e evidenciando isso a partir dos nossos dados”, disse Carlos Nhanga, coordenador regional do instituto.

Para o coordenador regional, os dados são importantes para construção de políticas públicas que garantam segurança à população.

“Quando você tem um tiroteio, você não tem um caso isolado. Não é só uma disputa entre grupos armados. É uma disputa que afeta a vida de milhares de pessoas, de diversas formas. Pessoas que estão indo para o trabalho e estão na linha de tiro, crianças que deixam de estudar por conta da suspensão de aulas, transporte que deixa de circular. É preciso pensar políticas a partir desse retrato, olhando para esses impactos e políticas que previnam esse tipo de conflito, seja entre grupos armados ou entre operações policiais para acessar essas invasões”, afirmou o coordenador, acrescentando que o relatório é encaminhado para autoridades, parlamentares e veículos de imprensa.

O levantamento é feito em parceria com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), e compõem o Mapa Histórico dos Grupos Armados, que ajuda a compreender as diferentes dinâmicas da violência armada no Rio de Janeiro.

Autoridades

Procurada pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que não comenta dados não oficiais.

Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol) afirmou desconhecer a metodologia utilizada no estudo do Instituto Fogo Cruzado.

“A atuação da instituição é com base no tripé inteligência, investigação e ação e em dados oficiais do Instituto de Segurança Pública (ISP). Vale reforçar que a Polícia Civil possui a maior Agência Central de Inteligência do ramo da segurança pública estadual do país, onde estão concentrados todos os setores que buscam e produzem conhecimentos para assessorar na tomada de decisões estratégicas e operacionais de combate ao crime”, conclui a nota.

Matéria ampliada às 18h do dia 13/02 para incluir posicionamento das polícias Civil e Militar