logo Agência Brasil
Geral

MTST pede que prefeitura de São Paulo desaproprie terrenos

Em uma das áreas vivem hoje 2 mil pessoas
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 16/03/2023 - 12:09
São Paulo
São Paulo (SP),16/03/2023 - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) acampam na calçada do Viaduto do Chá, em à Prefeitura de São Paulo, para cobrar que o prefeito Ricardo Nunes cumpra promessas de construção de moradias
© Fernando Frazão/Agência Brasil

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) está acampado - desde a última terça-feira (14) - em frente ao prédio da Prefeitura de São Paulo, no centro da capital. Seus integrantes reivindicam a desapropriação de dois terrenos ocupados na zona sul da cidade.

Segundo a coordenadora nacional do MTST, Debora Lima, à época da gestão do então prefeito Bruno Covas (falecido em 2021), o executivo municipal se comprometeu a destinar as áreas para moradia popular.

“O nosso movimento tinha acordos tratados desde a gestão de Bruno Covas, confirmados e apalavrados pelo [atual prefeito] Ricardo Nunes em 2021. Estavam dando andamento e, do nada, no início do ano, pararam o prosseguimento dos acordos com o movimento”, disse Debora. 

Tempo de espera

São Paulo (SP),16/03/2023 - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) acampam na calçada do Viaduto do Chá, em à Prefeitura de São Paulo, para cobrar que o prefeito Ricardo Nunes cumpra promessas de construção de moradias
São Paulo (SP),16/03/2023 - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) acampam na calçada do Viaduto do Chá, em à Prefeitura de São Paulo, para cobrar que o prefeito Ricardo Nunes cumpra promessas de construção de moradias - Fernando Frazão/Agência Brasil

Em um dos terrenos, onde está a ocupação Nova Palestina, vivem cerca de 2 mil famílias. “Nós estamos com famílias esperando uma saída habitacional há mais de dez anos. A gente tinha a perspectiva que isso ia acontecer por conta dos acordos que o movimento tinha com a prefeitura. E do nada, fomos pegos de surpresa, com o Ricardo Nunes deixando de prosseguir com esses acordos”, salientou a a representante do MTST.

Em 2014, o movimento conseguiu convencer a prefeitura a mudar a destinação do terreno, que previa a implantação de um parque para que a área pudesse receber moradia popular.

Estão na ocupação em frente à prefeitura, aproximadamente 350 pessoas em esquema de revezamento, segundo Debora. “O pessoal trabalha, precisa cuidar dos filhos. Então, estamos em uma espécie de revezamento”, acentuou.

A expectativa do movimento é receber uma resposta da prefeitura sobre as desapropriações até sexta-feira (17). A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a Prefeitura de São Paulo e aguarda posicionamento sobre a manifestação e as demandas do movimento.

O outro lado

A prefeitura de São Paulo, por meio de nota, informou que representantes do movimento foram recebidos na quarta-feira (15) pelos secretários de Habitação, do Verde e Meio Ambiente e da Casa Civil. “Na ocasião, eles reiteraram que a prefeitura mantém diálogo permanente com os movimentos de moradia para tratar de demandas e projetos relacionados às organizações”, disse o comunicado.

A administração municipal afirmou que liberou “recentemente” R$ 40 milhões para implementação do conjunto habitacional Copa do Povo, em uma área ocupada pelo MTST há cerca de 10 anos na zona leste de São Paulo. O projeto tem parceria com o governo federal.

A Secretaria Municipal de Habitação afirmou ainda  que, desde 2017, entregou 21 mil moradias em parceria com os governos estadual e federal. Além disso, no período foram disponibilizadas pela iniciativa privada, com incentivo da administração municipal, 14,3 mil unidades. 

Por fim, a secretaria informou que lançou edital para a compra de 40 mil unidades habitacionais e vai financiar 14 mil moradias para serem construídas por organizações da sociedade civil.

*Matéria atualizada às 13h16 para acréscimo de informações com o posicionamento da prefeitura de São Paulo.