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Berlim: 500 mil árvores são cortadas para construir fábrica da Tesla

Ativistas protestam de forma pacífica e com ações mais extremas
Carla Quirino – Repórter da RTP
Publicado em 22/08/2024 - 09:49
Lisboa
Brasília (DF) 22/08/2024 - A análise dos resgisto de satélite conduzida pela empresa Kayrros utilizou imagens ópticas do Satélite Sentinel-2 da Agência Espacial Europeia, que oferece uma resolução de dez metros.
Foto: Agência Espacial Europeia/Divulgação
© Agência Espacial Europeia/Divulgação
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Cerca de 329 hectares de floresta foram desmatados para a construção de um grande centro de produção dos carros elétricos Tesla, perto de Berlim, na Alemanha. Nesta área foram derrubadas cerca de 500 mil árvores, alertam ativistas, que argumentam que a expansão da empresa de Elon Musk pode ameaçar ainda mais uma das regiões mais secas e área de água protegida da Alemanha.

As mais recentes imagens de satélite revelaram que 329 hectares de floresta foram cortados entre março de 2020 e maio de 2023, de acordo com a empresa de informações ambientais Kayrros.

A construção deste centro de produção atraiu inúmeros protestos, além de gerar grande controvérsia sobre as compensações envolvidas no desenvolvimento de uma economia verde.

Protestos

A fábrica, que pretendia ser uma pedra angular das operações europeias da Tesla, tem suscitado controvérsia desde o início da edificação. Desde maio, os protestos contra a expansão da fábrica se intensificam no perímetro florestal e variaram entre manifestações pacíficas a ações mais extremas.

Casas nas árvores, acampamentos nas proximidades e tentativas de invasão do centro de produção estão entre as ações que os grupos de ativistas têm executado para protestar contra a Tesla.

Em uma das mais recentes manifestações, em março, o grupo ateou fogo a um poste de eletricidade e interrompeu a produção da fábrica por alguns dias.

O patrão da Tesla, Elon Musk, criticou publicamente a polícia local pelo que classificou como uma atitude branda em relação aos “manifestantes de esquerda” que tomaram medidas agressivas para se opor à expansão da fábrica.

Karolina Drzewo, da aliança de campanha Turn Off Tesla's Tap (Desliguem a torneira da Tesla), citada na publicação britânica The Guardian, argumentou que a análise dos dados de satélite revelou que a “produção de veículos elétricos da empresa causou destruição local da natureza, bem como deixou danos globais devido à mineração de metais”.

Isto acontece “em uma das regiões mais secas da Alemanha, onde muito do meio ambiente já foi destruído”, declarou Drzewo.

Com mais esta expansão, o centro da Tesla “promove uma maior destruição de florestas e perigo para a área protegida de água potável devem ser evitados”, alerta.

Compensação

A análise dos registros de satélite conduzida pela empresa Kayrros utilizou imagens óticas do Satélite Sentinel-2 da Agência Espacial Europeia, que oferece uma resolução de dez metros.

De acordo com o relatório de Antoine Halff, da Kayrros, “a fábrica da Tesla na Alemanha levou a um corte considerável de árvores".

"Claro, isso tem que ser colocado em perspectiva, contra o benefício de substituir carros com motor de combustão interna por veículos elétricos", relativiza.

Halff alega que “as árvores cortadas equivalem a cerca de 13 mil toneladas de CO2, que corresponde à quantidade anual emitida por 2,8 mil carros com motor de combustão interna médio nos EUA”.

“Este dado é uma fração do número de carros elétricos que a Tesla produz e vende a cada trimestre”, acrescenta. “É possível ter sempre compensações, mas para isso, é preciso estar ciente de quais são os limites da compensação”, sublinha.

A Tesla tem permanecido em silêncio sobre o assunto, não respondendo aos pedidos de comentários sobre o impacto ambiental das suas operações em território alemão.

Em julho, foi aprovado pelo Ministério do Meio Ambiente do estado de Brandemburgo, os planos para expandir a fábrica da Tesla para dobrar a produção para um milhão de carros por ano,

De acordo com a publicação Interesting Engineering, "esta decisão só intensificou a controvérsia, já que dezenas de incidentes ambientais foram relatados no local, incluindo derramamentos de óleo diesel, tinta e alumínio".

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