SP Invisível oferece ceias para população em situação de rua
A campanha Natal Invisível chega à 9ª edição em São Paulo e deve servir refeições para mais de 4 mil pessoas em situação de rua. A distribuição das ceias ocorre sempre às terças, quartas e quintas-feiras e continua até a próxima segunda-feira (23).
Com cardápio desenvolvido pelo chef de cozinha Rodrigo Martins - que já representou o Brasil no campeonato Bocuse D’Or, na França - a organização não governamental (ONG) SP Invisível programou a distribuição de 21 ceias em 11 endereços da cidade, com prioridade para os pontos de maior concentração de beneficiários, como as praças do Patriarca, no Centro Histórico, e Marechal Deodoro, no bairro de Santa Cecília, e a região da Baixada do Glicério, também na zona central.
As refeições servidas são do tipo delivery e pocket, para até 120 pessoas, e ceias festivais, para grupos de 250 a 500 participantes. Nos bastidores, estão sendo mobilizados 700 voluntários da SP Invisível, sendo 145 deles provenientes de empresas que aderiram ao projeto. Ao todo, serão distribuídas 2,7 mil toneladas de alimentos.
Estrutura
Para que a estrutura fique à altura do jantar oferecido, a equipe organizadora proporciona conforto e diversão aos convidados com os pratos servidos em mesas e circulação de um trio elétrico, além de jogos de bingo. Também são realizados sorteios de itens como moletons e produtos de higiene e beleza e espaços voltados especificamente às crianças, com recreadores voluntários.
A ONG completa uma década de atividades. Seus idealizadores, André Soler e Vinícius Lima, a criaram após a participação em uma oficina de fotografia, promovida em uma igreja batista.
Atualmente, com anos de maturação de princípios, a SP Invisível tem em sua base três pilares de atuação: a conscientização sobre a realidade da população em situação de rua; combate ao frio e à fome; e assistência social para viabilizar a inclusão produtiva através de ações de capacitação e empregabilidade.
O fundador André Soler disse que há "lucidez e técnica" na abordagem que adotou para se relacionar com as pessoas em situação de rua. "Pensando na questão do acolhimento e empoderamento, baseamos nosso plano de ação no grau de autonomia de cada ser humano, e classificamos em quatro níveis: situação de calçada, acolhimento institucional, autonomia parcial e autonomia total", afirmou.
"Com esse panorama em mãos, começamos a direcionar nosso atendimento. Para quem está em situação de calçada, priorizamos recursos essenciais que vão desde moradia de emergência em abrigos, alimentação e encaminhamento médico e psicológico. Aqueles que já usufruem do acolhimento institucional podem ser incluídos em programas de educação básica e capacitação profissional. E assim por diante, até aquela pessoa conseguir restabelecer seus vínculos sociais por completo e atingir a independência financeira."
Soler mencionou, ainda, os frutos que a proximidade com a gastronomia trouxe para quem é amparado pelo projeto. "A organização atua com um atendimento personalizado, visando acolher cada indivíduo de acordo com as suas necessidades."
Para auxiliar a população em situação de rua que está em busca de um emprego, a ONG desenvolveu a Jornada da Emancipação, programa que capacita em nível profissional e tenta facilitar contratações na área de gastronomia.
"Criado em 2023, o programa já formou 78 pessoas, sendo que 46% delas conseguiram ingressar no mercado de trabalho. Além da formação em si, desenvolvemos habilidades de relacionamento interpessoal com atendimento de psicólogos voluntários e assistentes sociais e conectamos essas pessoas com o setor produtivo", informou Soler.
O fundador já teve seu engajamento com a causa reconhecido pela lista Forbes Under 30 (jovens de menos de 30 anos que se sobressaem) em 2019, como o mais influente do meio social.
Como colaborar
A SP Invisível ainda está recebendo doações para a realização da campanha deste ano. Pela internet, é possível escolher entre quantias fixas de R$ 80, R$ 140 e R$ 260, que cobrem os custos de meia ceia, uma ceia completa e duas ceias, ou indicar um valor distinto desses já estabelecidos.