World Skills Americas desperta interesse por carreiras técnicas
No espaço reservado para as 31 modalidades da World Skills Americas, em Bogotá , os jovens profissionais dos 17 países representados viram “celebridades”. Enquanto executam as tarefas da competição, são observados por crianças e adolescentes de escolas colombianas. O torneio acaba cumprindo duas funções: despertar o interesse pela educação profissionalizante e melhorar o nível técnico das escolas.
“Quem visita os torneios e vê um competidor trabalhando fica motivado e interessado na carreira técnica profissionalizante. Os competidores são levados a ser dedicar e a buscar a excelência”, disse à Agência Brasil Marcelo Mendonça, o “team leader”, chefe da delegação brasileira de competidores em Bogotá.
Ele acredita que a competição eleva o padrão das escolas o que acaba se refletindo no mercado. “Aumenta a qualidade do trabalho na indústria, no comércio e no setor de serviços”, comentou.
Nos corredores das provas, crianças e adolescentes fazem vídeos dos competidores e o Brasil chama especial atenção. Na área de cozinha, a mineira Poliana Aparecida do Nascimento, 20 anos, é observada por dezenas de estudantes. A representante brasileira trabalha concentrada para concluir a tarefa do dia.
“Olha só, ela nem olha pra gente, parece que nem estamos aqui”, disse à Agência Brasil a estudante Martha Ruiz, 16 anos, que acompanhou mais de três horas de prova, reparando atentamente em cada detalhe. “Ela cozinha igual a uma chef”, comentou.
O período de preparação dos competidores brasileiros é bastante intenso. “Já aprendemos a fazer isso e os meninos e meninas treinam diariamente e constantemente nas etapas estaduais das Olimpíadas do Conhecimento”, destacou Marcelo Mendonça.
Os especialistas que acompanham as delegações de outros países elogiam o nível dos competidores brasileiros. Juan Diaz, responsável pela delegação da Guatemala, destaca que, na maioria das modalidades, o nível dos brasileiros é mais alto que o do centro-americano, por exemplo. “O Brasil tem muito mais estrutura, equipamentos e ferramentas, mas isso não nos desmotiva. Para os jovens que estão aqui é uma oportunidade de trocar experiências, de aprender e de querer estudar mais.”
Ele conta que também há intercâmbio entre os especialistas (170 acompanham as provas). “A gente também aprende. Eu falei com o especialista em mecânica do Brasil e ele me deu ótimas ideias e dicas, que podemos aplicar”, contou.
Para Horacio Alberto, 20 anos, representante de Honduras na modalidade de mecânica industrial, participar da prova é uma honra e a realização de um sonho.
“Quando eu era criança, gostava de mexer na caixa de ferramentas do meu pai. Aí eu cresci e consegui uma vaga na escola pública de mecânica. Não parei mais”, disse Alberto, um dos quatro competidores da delegação de Honduras.
“Meu país é pequeno e tem muitos problemas com gangues e violência. Tem gente que me vê viajando para fora e fazendo uma coisa legal assim e resolve estudar também”, completou Alberto que se vê como um exemplo para sua comunidade.
O trabalho dele é acompanhado por um grupo de crianças de 10 anos. Rubem, Juan Pablo e Diego são estudantes do quinto ano em uma escola pública colombiana. Eles fazem perguntas para os especialistas das provas e levam folhetos sobre cursos.
Rubem diz que aprendeu muito no evento. “Está tudo guardado aqui”, disse, colocando o dedo na cabeça. Com metas ambiciosas, Juan Pablo diz que vai fazer mecânica e estudar muito. “Vou me destacar, porque vou montar um monte de coisas legais. Vou ser tão bom, que vou representar a Colômbia no Brasil.”
As provas da world Skills Americas começaram na última quarta-feira (2) e terminam amanhã (5). Os jovens cumprem tarefas diárias. Os vencedores, que receberão medalhas de ouro, prata e bronze, serão anunciados no domingo (6). Eles também são classificados para a prova mundial da world Skills Internacional, prevista para o ano que vem.