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Internacional

Unesco: cada dólar investido em saneamento poderá dar retorno 28 vezes maior

O mundo precisa investir um total de US$ 53 bilhões por ano, durante
Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 20/03/2015 - 13:08
Brasília
Crateús - Trabalhadores desmontam tubulação de poços perfurados como última tentativa de retirar água do lençol freático do Açude Carnaubal  (Fernando Frazão/Agência Brasil)
© Fernando Frazão/Agência Brasil
Quixadá - Cisterna para captação e armazenamento de água da chuva em uma casa ao lado do Açude do Cedro, que começou a ser construído no Império e hoje não abastece mais a cidade (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O mundo precisa investir US$ 53 bilhões por ano, durante cinco anos, para universalizar o acesso à água tratada e a saneamento, segundo a UnescoFernando Frazão/Agência Brasil

O mundo precisa investir US$ 53 bilhões por ano, durante cinco anos, para universalizar o acesso à água tratada e ao saneamento, segundo o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento de Recursos Hídricos 2015 – Água para um Mundo Sustentável da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O investimento equivale a 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2010. Em países em desenvolvimento, o investimento pode trazer um retorno estimado entre US$ 5 e US$ 28 por dólar.

"Investir na melhoria da gestão da água e serviços de saneamento é pré-requisito para a redução da pobreza e o crescimento econômico sustentável. As pessoas pobres são beneficiadas diretamente com a melhoria dos serviços de água e esgoto, têm melhorias na saúde e redução das despesas com doenças, além de aumentar a produtividade e economizar tempo", diz o texto.

No mundo, 748 milhões de pessoas não têm acesso à água potável, e os principais afetados pela falta de abastecimento são pobres e mulheres. O relatório mostra ainda que 2,5 bilhões não têm acesso a sistema de saneamento.

De acordo com a Unesco, sem serviço de abastecimento, as mulheres e as meninas são frequentemente as responsáveis pela busca de água. Na África Subsaariana, muitas passam pelo menos meia hora para cumprir a tarefa e, como fazem várias viagens, gastam até quatro horas por dia, o que faz com que elas sejam mais prejudicadas que os meninos na educação.

O Brasil é citado pela organização como um dos países que têm o desafio de superar a desigualdade na oferta desses serviços, assim como a Índia e a China. "A pobreza ainda existe em níveis inaceitáveis nesses três países, assim como em outros", diz o relatório, que, no entanto, reconhece que os três avançaram nos últimos anos.

Segundo a oficial de Ciências Naturais da Unesco na Itália, Angela Ortigara, integrante do Programa Mundial de Avaliação da Água, cuja sigla em inglês é WWAP, nos últimos anos, houve avanço, o que mostra que a questão da água e do saneamento tem tido destaque nos países. Nos últimos 20 anos, 2,3 bilhões passaram a ter acesso à água potável e 1,9 bilhões a saneamento básico. "Precisamos começar a agir hoje para poder atingir um mundo sustentável", disse Angela, que participou da elaboração do relatório.

O relatório será mundialmente lançado hoje (20), em Nova Délhi, capital indiana, antes do Dia Mundial da Água, comemorado domingo (22). O relatório foi produzido pelo WWAP, em colaboração com as 31 agências do sistema das Nações Unidas e 37 parceiros internacionais da ONU-Água. A intenção é que a questão hídrica seja um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que vêm sido discutidos desde 2013, seguindo mandato da Conferência Rio+20 e deverão orientar as atividades de cooperação internacional nos próximos 15 anos.