Presidente do Eurogrupo duvida que Grécia execute medidas mesmo após referendo
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, disse hoje (27) que não sabe como será possível confiar e trabalhar com o atual governo grego, caso ganhe o 'sim' no referendo sobre a aceitação ou não da última proposta dos credores. "Se ganhar o 'sim', a grande questão é em quem vamos confiar, com quem vamos trabalhar para implementar esse programa", afirmou Dijsselbloem, em Bruxelas, colocando assim em dúvida a confiança das instituições do governo grego, depois que o Syriza, partido que lidera o governo, ter dito que iria defender o 'não' na consulta popular marcada para 5 de julho.
Questionado sobre o que é que exatamente o povo grego irá votar, se tanto o programa de resgate quanto o prazo de validade da proposta dos credores, com as medidas a implementar no país, expiram na próxima terça-feira (30), o presidente do Eurogrupo, disse que é essa é uma questão que deve ser feita ao governo grego. “Não posso responder a isso", afirmou.
Jeroen Dijsselbloem, que também é ministro das Finanças da Holanda, não respondeu sobre o que acontecerá aos bancos gregos após o fim do programa de resgate, na terça-feira, dizendo que isso é um assunto que cabe ao Banco Central Europeu (BCE), que até agora os tem financiado através da linha de emergência da instituição.
O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, respondeu às dúvidas de Jeroen Dijsselbloem sobre a credibilidade do governo grego para levar a cabo um programa. "Então, entendo que o senhor Dijsselbloem ficaria feliz se implementássemos propostas sem termos o voto do povo grego, mas se tivermos o voto do povo grego já será um problema", disse ele.
Yanis Varoufakis garantiu que o governo de que faz parte está completamente empenhado em executar a decisão do povo grego qualquer que ela seja e que se a resposta for "sim" – o que considerou mesmo "altamente provável" – farão de tudo para isso, mesmo que signifique mudanças no governo.
O ministro das Finanças grego mostrou ainda vontade de que continuem nos próximos dias e noites as negociações com os credores para "melhorar as propostas das instituições". "Nesse caso, a recomendação do nosso governo mudaria. Em vez de recomendarmos aos eleitores que votem contra este acordo, mudaríamos para uma recomendação de voto no 'sim'", adiantou.
No entanto, as instituições já deram a entender que depois da suspensão "unilateral" das negociações pelo governo grego já não têm nada a discutir. Antes da reunião do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, lamentou a decisão sobre o referendo e que o governo grego tenha rejeitado as últimas propostas da instituição, "e mais uma vez com uma recomendação negativa", fechando assim uma porta que, do lado europeu, sustentou, "ainda estava aberta".
Depois da reunião do Eurogrupo com os 19 ministros da zona euro, acontece uma segunda sessão de trabalho, mas sem o executivo grego, para discutir as consequências do programa de assistência à Grécia expirar na terça-feira sem acordo.