Golpistas libertam ministros e presidente do regime de transição de Burkina Faso
O presidente do regime de transição do Burkina Faso, Michel Kafando, mantido como refém desde quarta-feira (16) pelos militares que tomaram o poder no país, foi libertado ontem (17) à noite, anunciaram os golpistas.
"Em sinal de apaziguamento e pelo interesse geral, o conselho nacional para a democracia decidiu pela libertação de ministros e de Michel Kafando”, diz comunicado dos golpistas.
Somente o primeiro-ministro, Isaac Zida, não foi libertado e permanece "em prisão domiciliar", disse aos jornalistas o novo líder do Burkina Faso, o general Gilbert Diendéré, que liderou do golpe de Estado.
Em entrevista à revista Jeune Afrique, o general justificou a ação dizendo que o país vive “uma grave situação de insegurança pré-eleitoral".
O general golpista, que foi chefe do Estado-maior do ex-presidente Blaise Compaoré – deposto há um ano, depois de 27 anos no poder – disse que “medidas de exclusão foram tomadas pelas autoridades da transição e por isso meus homens agiram”.
“As eleições serão realizadas”, prometeu o Diendéré. “Nós desejamos discutir com todos os atores políticos para reiniciar [o processo de eleição] em bons fundamentos. As eleições acontecerão, mas nós devemos primeiro nos organizar”, explicou.
Os dois candidatos favoritos na eleição presidencial de 11 de outubro no Burkina Faso, Zephirin Diabré e Roch Marc Christian Kaboré, condenaram o golpe de Estado no país.
Eles convocaram seus aliados para defender a democracia, exigem a libertação dos membros do governo de transição, não aceitam qualquer mudança no calendário eleitoral e reiteram o apoio ao governo que foi destituído, exigindo o regresso da ordem constitucional.
Dois chefes de Estado africanos são esperados hoje em Ouagadougou para se encontrarem com Gilbert Diendéré: o Presidente senegalês, Macky Sall, líder em exercício da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) e presidente do Benim, Thomas Boni Yayi.