Haiti tem situação tranquila na véspera das eleições, diz assessor da Minustah
A escolha dos novos representantes do povo haitiano, marcada para ocorrer no último dia 9 de outubro, mas adiada pela passagem devastadora do Furacão Matthew no Caribe, está prevista para este domingo (20). A expectativa é que sejam eleitos o novo presidente e os novos parlamentares do país.
Em entrevista por telefone à Agência Brasil, o assessor de informações públicas do componente militar da Missão de Estabilização das Nações Unidas de Haiti (Minustah), coronel Alexandre Lima, disse que apesar da instabilidade, há um clima de relativa calma no país, sem manifestações no momento, e que tudo indica que, após serem adiadas duas vezes, as eleições vão ocorrer.
“Recebemos nota oficial do presidente provisório Jocelerme Privert solicitando que os haitianos compareçam às urnas no domingo. Nas mensagens no rádio e TV, ele salientou que não vai ser um governo provisório que vai resolver os graves problemas do Haiti, inclusive citou entre esses problemas os efeitos da passagem do Furacão Matthew e falou de problemas nacionais e internacionais que o governo provisório não vai conseguir resolver”, contou.
Segundo Lima, na última semana houve um grande teste de toda a máquina eleitoral, envolvendo as pessoas que vão atuar nos centros de votação, que foram aos locais de votação testar todos os equipamentos.
O coronel disse que a região mais instável é a parte sul da península, a região mais atingida pela passagem no Furacão Matthew nas primeiras semanas de outubro. Ele informou que muitos centros de votação da região foram destruídos. “Agora, assim, foi aquela recuperação precária, para ter a votação. Está pronto, está em condições de ter, mas as estruturas são emergenciais e provisórias”, disse o assessor. Segundo ele, a previsão de mau tempo para este domingo na região preocupa. “Há previsão de chuva forte no norte e no sul do país, e esse pode ser um fator complicador.”
Além disso, Lima relatou que “na parte do país afetada pelo furacão tem ocorrido muita atividade de gangues que interceptam comboios de ajuda humanitária para roubar e vender as cargas, que consistem principalmente em alimentos e medicamentos”. De acordo com o assessor, há expectativa que ocorram tensões e manifestações, “mas a gente acredita que as eleições vão ocorrer porque já foram adiadas duas vezes”.
O último presidente eleito no Haiti, Michel Martelly, terminou o mandato, em fevereiro deste ano. Ele foi substituído pelo presidente provisório Jocelerme Privert, escolhido pelo Parlamento para organizar novas eleições em três meses, mas a instabilidade política e social do país adiou os planos duas vezes.
Na sexta-feira (18), o governo haitiano também anunciou o fechamento da fronteira neste sábado e no domingo para garantir mais controle durante o pleito, de acordo com comunicado divulgado pelo Ministério de Assuntos Interiores.