Universíade: finalista dos saltos ornamentais é paraquedista por hobby
A plataforma de 10 metros pode ser a maior dos saltos ornamentais, mas está longe de ser a maior altura enfrentada pelo brasileiro Jackson Rondinelli. O atleta olímpico salta de paraquedas nas horas vagas, mas conta que a plataforma em que vai disputar a final da Universíade de Taipei é a que inspira mais cuidados.
"São dois parâmetros totalmente diferentes: saltar de paraquedas, a quase 4 quilômetros de altura, do que de 10 metros. Eu posso dizer que tenho muito mais medo de saltar de 10 metros", diz Rondinelli. "Apesar de eu saber que eu posso me esborrachar muito feio de paraquedas, aqui é uma coisa muito mais factível. Se eu fizer alguma coisinha errada, algum milimetro, eu vou me dar mal. Lá, eu tenho mais tempo de consertar",
Jackson chegou a cometer um erro na semifinal, no salto triplo e meio, que lhe rendeu notas baixas. Nos saltos que conseguiu executar, ele compensou e ficou com a 12ª posição. Se conseguir acertar o salto que derrubou sua pontuação, ele acredita que dá para buscar uma posição melhor na final, a sua primeira em uma competição internacional.
Com mais saltos marcados para amanhã (27), às 13h de Taipei (2h da manhã em Brasília), o atleta que disputou os jogos do Rio de Janeiro acredita que não perder o medo de altura é uma parte importante de sua concentração.
"O medo te traz segurança. Se você estiver muito destemido, tem alguma coisa errada, porque é onde você pode se machucar feio. Se você tem medo, está certo, porque é um esporte muito arriscado".
Com o medo e a adrenalina da altura nos treinos, ele começou há um ano a "relaxar" no fim de semana com saltos de paraquedas em Boituva, no interior de São Paulo, estado em que volta com frequência para os compromissos com seu clube, o Pinheiros. Seu treino diário é no Centro de Excelência em Saltos Ornamentais, em Brasília, que recebe vários atletas integrantes da seleção brasileira. O irmão mais velho e um primo foram os que lhe apresentaram o paraquedismo, que ele deixa bem claro que é apenas um hobby. "A prioridade são os saltos ornamentais".
Antes desses dois tipos de salto, o atleta da Marinha fazia mortais na ginástica acrobática, quando foi descoberto por um professor de educação física que o convidou para treinar saltos ornamentais nas férias. "Comecei brincando, já bem velho, com 15 anos. Um mês depois eu estava praticamente contratado pelo clube".
O chefe da equipe de Saltos Ornamentais na Universíade, Edmundo Vergara, comemora a classificação de Jackson para a plataforma de 10 metros no mesmo dia em que assistiu outra atleta brasileira disputar uma final na Universíade. Luana Lira também chegou à final, mas nos saltos do trampolim de três metros, terminando em 10º lugar.
"A importância [dessas finais] é muito grande, porque a gente está aqui com 90% dos melhores saltadores. O nível é muito alto e o Brasil está em ascendência", diz Vergara. "Ver essa evolução anima a gente no Brasil".
*O repórter viajou a convite da Confederação Brasileira do Desporto Universitário