Peru: Congresso decide na próxima semana se aceita debater cassação de Kuczynski

A moção foi apresentada por opositores, pelas ligações do governante

Publicado em 09/03/2018 - 05:57 Por Da Agência EFE* - Lima

O presidente eleito do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, pede a união dos peruanos em discurso durante a cerimônia que proclamou oficialmente o resultados das eleições do dia 5 de junho

O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski - Ernesto Arias/EFE/Agência Lusa

O Congresso do Peru decidirá, na próxima semana, se aceita debater a moção de vacância (destituição) do presidente Pedro Pablo Kuczynski. A moção foi apresentada nessa quinta-feira (8) por opositores, pelas ligações do governante com a construtora Odebrecht.

"De acordo com as regras do Congresso, será na próxima sessão plenária, onde haverá o debate e será votada a admissão da moção multipartidária", informou um comunicado oficial.

A nota acrescentou que o presidente do Congresso, o fujimorista Luis Galarreta, informou ao plenário sobre a moção, que propõe declarar a destituição de Kuczynski por "incapacidade moral permanente".

A moção foi apresentada com a assinatura de 30 legisladores de diferentes grupos parlamentares, que basearam o pedido em uma suposta "falta de veracidade, honestidade e transparência" de Kuczynski.

De acordo com as informações, o governante "negou e ocultou repetida e permanentemente suas relações contratuais como pessoa física e/ou jurídica por assessoria, consultoria ou qualquer outra modalidade com empresas brasileiras consideradas dentro da investigação do caso Lava Jato no Peru", entre elas a Odebrecht.

O pedido está relacionado às assessorias que Kuczynski ofereceu à construtora brasileira por US$ 782 mil entre 2004 e 2007, por meio de sua empresa Westfield Capital, quando era administrada pelo sócio chileno Gerardo Sepúlveda.

Nesse período, Kuczynski era ministro do governo de Alejandro Toledo, denunciado por receber supostamente propina de US$ 20 milhões da empresa brasileira.

Além disso, o pedido se baseia nas 140 transferências bancárias em contas de Kuczynski que o envolvem com a Odebrecht e a Westfield e First Capital, a consultoria de Sepúlveda, segundo relatório que o Banco de Crédito do Peru entregou ao Ministério Público.

A Odebrecht também concedeu uma contribuição de US$ 300 mil para a campanha eleitoral de Kuczynski em 2011, vencida por Ollanta Humala, de acordo com o ex-diretor da construtora no Peru Jorge Barata.

A moção de destituição foi apresentada por um grupo de legisladores liderados por César Villanueva, do partido Aliança para o Progresso, e, se for admitida pelo plenário, será marcada uma data para que Kuczynski apresente sua defesa e o Parlamento discuta  e vote o pedido.

Para a destituição ser aprovada, será necessário o voto de 87 legisladores, de um total de 130, e, segundo a Constituição, o cargo teria que ser assumido pelo vice-presidente Martín Vizcarra.

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