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Internacional

Nicarágua convida organizações internacionais para investigar mortes

Agência EFE
Publicado em 21/06/2018 - 07:10
Manágua
Agência EFE

A Nicarágua convidou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e a União Europeia (UE) para visitar o país por causa da crise que deixou pelo menos 200 mortos.

"Informamos que nosso escritório recebeu a carta do governo outorgando-nos acesso ao país. Nossa equipe está coordenando a logística para tal visita e logo informaremos os detalhes", disse o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos na América Central, em nota.

Por sua vez, o secretário executivo da CIDH, o brasileiro Paulo Abrão, anunciou, pelo Twitter, que uma equipe técnica do Mecanismo Especial de Acompanhamento para a Nicarágua (Meseni) chegará à capital Manágua na próxima terça-feira (26).

Abrão explicou que a tarefa dessa equipe será acompanhar a Comissão de Verificação e Cidadania, formada na mesa de diálogo nacional, e apoiar a sociedade civil.

Além disso, destacou que um grupo internacional de investigações para a Nicarágua, que deverá trabalhar in loco como coadjuvante na investigação de todas as mortes e atos de violência e na identificação de responsáveis desde o último dia 18 de abril, será instalada na primeira semana de julho.

Abrão disse ainda que o chanceler nicaraguense, Denis Moncada, enviou à CIDH os comunicados com os acordos da mesa de diálogo dos últimos dias 15 e 16 de junho.

O governo nicaraguense também concedeu acesso a uma delegação da UE de defesa dos direitos humanos, como parte dos requisitos para destravar o diálogo nacional, segundo informou um membro da Aliança Cívica pela Justiça e a Democracia.

"Temos informação de que a UE já recebeu a carta-convite, de acordo com o estabelecido no diálogo nacional", escreveu em redes sociais o membro da Aliança e representante dos empresários nicaraguenses, José Adán Aguerri.

Na segunda-feira passada (18), a Conferência Episcopal, mediadora e testemunha do diálogo, suspendeu as três mesas de trabalho criadas para superar a crise, devido ao fato de o governo não ter apresentado cópias das cartas-convite a esses organismos internacionais para visitar o país.

Na retomada do diálogo na sexta-feira passada, após uma suspensão desde 23 de maio, o Executivo aceitou convidar de maneira "imediata" a CIDH, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a UE e a Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Os bispos esclareceram, em comunicado, que somente convocariam as partes novamente se o Executivo cumprisse o estipulado em relação ao convite a organismos internacionais. Com isso, está pendente agora uma nova convocação para a retomada do diálogo.

A Nicarágua completa hoje 64 dias desde que se iniciou a crise sociopolítica mais sangrenta desde 1980, com Daniel Ortega também como presidente, e que custou a vida de pelo menos 200 pessoas.

Os protestos contra Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram em 18 de abril contra fracassadas reformas da seguridade social e se transformaram em um movimento que pede a renúncia do presidente, depois de 11 anos no poder, em meio a acusações de abuso e corrupção.