OEA condena repressão do governo e violência na Nicarágua
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, condenou hoje (24) a repressão do governo da Nicarágua que resultou em “sequestros, feridos e assassinados” e exigiu “justiça e liberdade para os presos políticos”.
Ontem (23) o estudante Matt Andrés Romero, de 16 anos, foi morto durante uma manifestação contra o presidente Daniel Ortega. Desde abril, mais de 320 pessoas morreram durante protestos – a grande maioria opositores, que pedem eleições presidenciais antecipadas.
“É impressionante como, apesar da repressão e das prisões generalizadas dos líderes das manifestações nesses últimos meses, têm aparecido novos lideres e novos atores, unidos e reorganizados pela indignação do que está acontecendo na Nicarágua”, disse, em entrevista à Agência Brasil, o secretário executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Paulo Abrão.
O estopim da crise foi uma reforma da Previdência, em meados de abril, que o governo acabou revogando, depois de tentar reprimir os protestos. A violência acabou levando milhares às ruas, desta vez para pedir a saída de Ortega, cujo mandato presidencial - o terceiro consecutivo – termina em 2021.
De 18 de abril atá 30 de julho, 317 pessoas tinham sido mortas em protestos na Nicarágua, segundo a CIDH, sendo 21, policiais. Os demais foram civis – entre eles 23 crianças e adolescentes. “Nos últimos meses, o governo recuperou controle territorial, aumentando drasticamente a intimidação e as detenções arbitrárias, acusando os manifestantes de terrorismo, desprezando o papel da Igreja na busca de uma solução pacífica e assumindo o perfil autoritário”, disse Abrão. “A morte do estudante, no domingo, demonstra claramente que o alvo da violência é a oposição”.
Abrão disse que os apoiadores do governo saem às ruas sem problemas, enquanto que, nas marchas convocadas pelos opositores, existe uma forte presença policial e de grupos paramilitares simpatizantes de Ortega.
O secundarista Matt Andrés Romero foi morto com um tiro no peito, durante o protesto de domingo, organizado pelos parentes dos presos políticos, que pediam a liberdade dos detidos.