Ganha força movimento argentino para remover homenagens a Kirchner
Na Argentina, cresce o movimento para mudar o nome das ruas, dos edifícios e dos monumentos, batizados de Nestor Kirchner em homenagem ao ex-presidente, que morreu há oito anos. As reações ocorrem em meio às denúncias do escândalo dos “Cadernos da Corrupção”, que resultou na prisão de empresários, políticos e ex-funcionários do governo argentino.
A ex-presidente argentina e senadora Cristina Kirchner foi acusada de integrar uma associação ilícita para cobrar propinas em troca de contratos de obras públicas. Ela é alvo de um processo na Justiça. Mas como tem imunidade parlamentar está resguardada, por enquanto.
O escândalo na Argentina é comparado, por analistas, à Operação Lava Jato, do Brasil. O governo do Equador retirou um busto de Nestor Kirchner que estava num parque, no norte da capital, Quito. As autoridades municipais explicaram que a medida foi para “a preservação do espaço público”.
O Congresso do Equador também pediu ao presidente equatoriano, Lenin Moreno, que remova outra estátua de Kirchner do prédio da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), criada em 2008. Nestor Kirchner foi o primeiro secretário-geral do organismo regional, que agora está sendo questionado por vários países, entre eles o Brasil.
Polêmicas
Na Argentina, tramitam mais de 15 iniciativas para acabar com os vestígios da era kirchnerista da paisagem urbana. Nestor Kirchner governou quatro anos (2003-2007), antes de ajudar a eleger como sucessora Cristina Kirchner (2007-2015). A controvérsia começou em 2013, quando Cristina Krichner retirou a estátua de Cristóvão Colombo da praça atrás da Casa Rosada – o palácio presidencial.
A decisão gerou protestos da numerosa comunidade italiana, que há 90 anos tinha presenteado a escultura ao governo argentino. A estátua de Colombo foi transferida para a margem do Rio da Prata, próximo ao aeroporto de Buenos Aires, Jorge Newberry.
No lugar do monumento em homenagem ao descobridor das Américas, que, segundo a ex-presidente da República, representava o “imperialismo”, foi colocada uma escultura de Juana Azurduy (1780-1862) – uma guerreira indígena, nascida no que hoje é a Bolívia, que combateu os colonizadores espanhóis. Ela foi doada pelo presidente boliviano Evo Morales.
Solução
Porém, a estátua da guerreira indígena de Azurduy ficou pouco tempo no quintal da Casa Rosada. Assim que assumiu o governo, em 2015, o presidente Mauricio Macri, que é descendente de italianos, resolveu a disputa deixando a praça sem estátuas.
Azurduy foi colocada em frente ao Centro Cultural Kirchner, inaugurado por Cristina, no que era a antiga sede dos Correios argentinos. Foram apresentadas várias iniciativas para mudar o nome do prédio, conhecido como CCK, para Centro Cultural do Bicentenário.