Grupo terrorista ETA reconhece 758 assassinatos e 2.606 atentados
O grupo terrorista ETA divulgou hoje (6) um boletim e assumiu a autoria de 758 assassinatos e 2.606 "ações", incluindo atentados não reivindicados até hoje, como o cometido em uma cafeteria no centro de Madri em 1974.
No último Zutabe (como é chamado o boletim interno do grupo), elaborado em abril, mas só divulgado nesta terça-feira, o ETA classifica a ação realizada em 1987 no Shopping Hipercor, em Barcelona, como o "maior erro e desgraça" de sua história. Na ocasião, 21 pessoas morreram e 45 ficaram feridas.
O grupo alega, no entanto, que "autoridades policiais e do governo tomaram a decisão de não esvaziar o edifício", segundo o documento, elaborado um mês antes de o grupo anunciar a sua dissolução e que hoje foi publicado no jornal basco Gara.
O ETA também reconhece três tentativas de atentado com míssil terra-ar em 2001 contra o então presidente do governo espanhol, José María Aznar, que também saiu ileso da explosão de um carro-bomba do grupo em 1995, quando ele era líder da oposição.
Em contrapartida, o grupo rejeitou a autoria do que definiu como "falsos atentados", como o incêndio do Hotel Corona de Aragón, em Zaragoza, que deixou 83 mortos em 1979.
Fim de atividades armadas
O grupo terrorista declarou o fim definitivo da atividade armada em 2011, após cinco décadas de atuação na Espanha, e em maio deste ano anunciou a dissolução. Embora o ETA calcule em 758 o número de pessoas mortas em suas ações, o Ministério de Interior da Espanha considera que houve 853 mortes.
O ETA admite 2.606 atentados, que o grupo chama de "ações armadas". Dois não tinham sido reivindicados até hoje: o assassinato de três pessoas que teriam sido confundidas com policiais em Tolosa, em 1981, e a explosão de uma cafeteria da Rua do Correio, em Madri, em 1974.
Entre outros fatos, o grupo assume que cometeu "365 atentados contra a Guarda Civil", com 186 membros dessa corporação mortas; 215 contra "corporações policiais espanholas", nos quais 139 agentes morreram; e 147 contra as Forças Armadas, com 101 mortes de membros do Exército, além de 11 funcionários civis da Marinha.
No texto publicado pelo Gara, o ETA descreve a sua trajetória "a partir de uma perspectiva basicamente operacional", embora inclua a declaração de "reconhecimento do dano causado que divulgou em 8 de abril".