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Internacional

Irã pede ao setor petrolífero que se prepare para ataque dos EUA

Ministro iraniano teme possível ataque físico ou cibernético
RTP (emissora pública de televisão de Portugal)
Publicado em 29/09/2019 - 14:37
Teerã

O ministro iraniano do Petróleo, Biyan Zangané, pediu hoje (29) a todas as empresas e instalações do setor petrolífero do país que estejam em estado "totalmente alerta" face a um possível ataque físico ou cibernético dos Estados Unidos.

Zangané, que recentemente supervisionou a segurança de várias refinarias, ordenou que todas "as medidas administrativas, técnicas e operacionais necessárias para proteger as instalações" sejam adotadas de imediato.

As declarações do ministro iraniano foram feitas na sequência da ponderação que os Estados Unidos admitiram estar fazendo sobre a possibilidade de realizar um ataque seletivo contra o Irã que, entre opções, inclua ataques cibernéticos contra refinarias e outras instalações do setor de energia.

A avaliação dos Estados Unidos surge como represália pelos ataques, em 14 de setembro, contra duas instalações da companhia de petróleo saudita Aramco, pelas quais os EUA e a Arábia Saudita responsabilizam o Irã, embora o governo iraniano negue qualquer envolvimento.

Biyan Zangané disse ser necessário estar preparado para "enfrentar situações de emergência e minimizar qualquer dano, quer nas instalações, quer dos habitantes" da área, informou a agência oficial iraniana de notícias.

Escalada de tensão

A tensão entre o Irã e os Estados Unidos tem aumentado desde o ano passado, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou o país do acordo nuclear de 2015 e impôs novamente sanções ao Irã.

O acordo de 2015, concluído após vários anos de esforços diplomáticos, prevê uma limitação do programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções internacionais contra o país.

No entanto, em maio de 2018, os Estados Unidos decidiram retirar-se unilateralmente do acordo e restabeleceram sanções punitivas contra o Irã, impedindo a recuperação econômica pretendida pelo país.

Um ano depois, em maio de 2019, e após ter aguardado sem sucesso que as outras partes do acordo - França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China e União Europeia - ajudassem o país a contornar as novas sanções norte-americanas, o Irã anunciou que ia alterar progressivamente alguns dos compromissos assumidos.

No início de julho, o governo iraniano anunciou o aumento do limite imposto às suas reservas de urânio enriquecido para 4,5%, ultrapassando o máximo autorizado pelo acordo (3,67%).

O chefe da diplomacia iraniana, Mohamad Yavad Zarif, garantiu, numa entrevista dada ontem (28) à estação norte-americana NBC, que os Estados Unidos "começaram uma guerra cibernética", garantindo, sem fornecer detalhes, que instalações nucleares foram atacadas "de uma maneira muito perigosa e irresponsável, que poderia ter matado milhões de pessoas".

RTP (emissora pública de televisão de Portugal)