OMS quer mais evidências sobre transmissão da covid-19 pelo ar
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nessa quinta-feira (9) novas diretrizes sobre a transmissão do novo coronavírus, que reconhecem alguns relatos de transmissão pelo ar do vírus causador da covid-19. A instituição, no entanto, não chegou a confirmar que o vírus se propaga pelo ar.
Em suas diretrizes mais recentes sobre transmissão da doença, a OMS reconheceu que alguns relatos sobre casos relacionados a espaços fechados lotados sugeriram a possibilidade de transmissão por aerossol, como restaurantes ou aulas de ginástica. Mas a organização observou que mais pesquisas são "urgentemente necessárias para investigar esses casos e avaliar seu significado para a transmissão da covid-19".
Com base na revisão das atuais evidências, a OMS afirmou que o novo coronavírus, causador da covid-19, se espalha entre as pessoas por contato direto ou indireto com superfícies contaminadas ou o contato próximo com pessoas infectadas que espalham o vírus pela saliva, secreções respiratórias ou gotículas liberadas quando uma pessoa infectada tosse, espirra, fala ou canta.
O documento foi divulgado após carta aberta de cientistas especializados na propagação de doenças pelo ar - os chamados aerobiologistas - que solicitaram ao organismo global atualizar suas orientações sobre como a doença respiratória se propaga, para incluir a transmissão por aerossol.
"Este é um movimento na direção certa, embora pequeno. Está ficando claro que a pandemia é causada por eventos de grande propagação e que a melhor explicação para muitos desses eventos é a transmissão por aerossol", disse Jose Jimenez, um químico da Universidade do Colorado que assinou a carta, publicada segunda-feira (6) na revista Clinical Infectious Diseases.
A frequência com que o coronavírus se espalha pela via aérea ou pelo aerossol - ao contrário de gotículas maiores em tosses e espirros - não é clara.
Em entrevista coletiva, Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (EUA), disse que ainda não existem muitas evidências sólidas sobre a transmissão aérea do novo coronavírus. "Eu acho é uma suposição razoável que isso ocorra".
Embora incompletas, as evidências até o momento são "a base fundamental do motivo pelo qual agora estamos tão empenhados em fazer com que as pessoas - particularmente as sem sintomas - usem máscaras. Para poder ver se podemos mitigar isso", disse ele.
As orientações da OMS reconhecem que a transmissão pelo ar do novo coronavírus pode ocorrer durante procedimentos médicos específicos que produzem aerossóis, como durante a intubação.