Presidente da Câmara dos Deputados dos EUA deixa Taiwan

Viagem gerou reações da China, que reivindica território

Publicado em 03/08/2022 - 09:03 Por Sarah Wu e Yimou Lee - Repórteres da Reuters* - Taipé

A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, deixou Taiwan nesta quarta-feira depois de ter prometido solidariedade e saudado a democracia da ilha, gerando reação da China por causa de sua breve visita à ilha autogovernada, que Pequim reivindica como parte de seu território.

Pelosi, cuja delegação fez uma parada não anunciada, mas vigiada de perto, em Taiwan, na terça-feira, após visitas a Singapura e Malásia, deve continuar sua viagem pela Ásia, agora com visitas à Coreia do Sul e ao Japão.

Seu avião decolou de um aeroporto na capital Taipé por volta das 18h (horário local, 7h em Brasília).

A China demonstrou sua indignação com a visita de mais alto nível dos EUA à ilha, em 25 anos, com uma explosão de atividade militar nas águas circundantes, convocando o embaixador dos EUA em Pequim e interrompendo várias importações agrícolas de Taiwan.

Alguns dos exercícios militares planejados da China teriam ocorrido dentro do território aéreo e marítimo de 12 milhas náuticas de Taiwan, de acordo com o Ministério da Defesa de Taiwan, um movimento sem precedentes que uma autoridade graduada de defesa descreveu a repórteres como "equivalente a um bloqueio marítimo e aéreo de Taiwan".

Pelosi chegou com uma delegação do Congresso dos EUA em sua visita não anunciada, desafiando as repetidas advertências da China, no que ela disse que mostra o compromisso inabalável dos EUA com a democracia de Taiwan.

"Nossa delegação veio a Taiwan para deixar inequivocamente claro que não abandonaremos Taiwan", disse Pelosi à presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen.

"Agora, mais do que nunca, a solidariedade da América com Taiwan é crucial, e essa é a mensagem que estamos trazendo aqui hoje", afirmou durante sua visita de cerca de 19 horas.

Crítica de longa data da China, especialmente em direitos humanos, Pelosi se encontrou com um ex-ativista da Praça da Paz Celestial, um livreiro de Hong Kong que havia sido detido pela China e um ativista de Taiwan recentemente libertado pela China.

O último presidente da Câmara dos Deputados dos EUA a ir a Taiwan havia sido o republicano Newt Gingrich, em 1997. Mas a visita de Pelosi ocorre em meio à forte deterioração das relações sino-americanas e, durante o último quarto de século, a China emergiu como uma força econômica, militar e geopolítica muito mais poderosa.

A China considera Taiwan parte de seu território e nunca renunciou ao uso da força para colocar a ilha sob seu controle. Os Estados Unidos alertaram a China contra o uso da visita como pretexto para uma ação militar contra Taiwan.

Em retaliação, o departamento de alfândega da China anunciou a suspensão das importações de frutas cítricas e carapau congelado de Taiwan, enquanto o Ministério do Comércio proibiu a exportação de areia natural para Taiwan.

Embora houvesse poucos sinais de protesto contra alvos ou bens de consumo dos EUA, havia uma presença policial significativa do lado de fora do consulado dos EUA em Xangai e o que parecia ser mais segurança do que o normal do lado de fora da embaixada em Pequim.

Matéria ampliada às 9h12

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