Kiev denuncia novos ataques russos com "drones kamikaze"

Há notícia de pelo menos uma morte

Publicado em 17/10/2022 - 08:02 Por RTP* - Kiev

Quatro explosões foram registradas hoje (17) no distrito de Shevchenkiv, no centro de Kiev. As autoridades ucranianas confirmam a ocorrência de "ataques com drones kamikaze" e há notícia de pelo menos uma morte.

No Telegram, o presidente ucraniano reagiu aos ataques. "Durante toda a noite e toda a manhã, o inimigo aterrorizou a população. Drones e mísseis kamikaze estão atacando toda a Ucrânia. Um edifício residencial foi atingido em Kiev", afirmou Volodymyr Zelenskiy.

"O inimigo pode atacar as nossas cidades, mas não será capaz de nos destruir. Os ocupantes terão o castigo justo e a condenação das gerações futuras. E alcançaremos a vitória", acrescentou o presidente ucraniano.

"Os russos acham que esse ataque vai ajudá-los, mas isso mostra o seu desespero", disse Andrey Yermak, chefe de gabinete da Presidência do país, também pelo Telegram, acrescentando que foram usados drones de fabricação iraniana.

De acordo com o presidente da Câmara de Kiev, Vitalii Klitschko, há registro de pelo menos uma morte. Três pessoas foram hospitalizadas.

"O corpo de uma mulher que morreu foi recuperado entre os escombros de uma casa atingida no distrito de Shevchenkiv. Outra pessoa está nos escombros. As operações de busca e salvamento prosseguem", confirmou Klitschko no Telegram.

"Por Belgorod"

Antes, o administrador de Kiev tinha adiantado que as explosões ocorreram devido a ataques de drones. Houve pelo menos um incêndio em um edifício não residencial e danos em vários prédios de apartamentos.

Há uma semana, a capital ucraniana tinha sido atingida por mísseis russos, num ataque simultâneo a várias cidades que deixou 19 mortos.

Os bombeiros e os serviços médicos e de emergência já estão no local, e as autoridades tentam coletar informações sobre possíveis vítimas, acrescentou.

Após os primeiros ataques, um jornalista da agência France Presse viu um drone cair sobre um prédio, enquanto dois agentes policiais tentavam abatê-lo com armas de serviço.

Um repórter da Reuters viu pedaços de um dos drones utilizados no ataque desta segunda-feira onde se lia a inscrição: "Por Belgorod".

No sábado, um ataque em base militar da Rússia em Belgorod, perto da fronteira com a Ucrânia, deixou pelo menos 11 mortos. 

Drones Shahed-136

Na sexta-feira (14), o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, disse que as Forças Armadas russas têm atualmente "cerca de 300 unidades" de drones de combate fornecidos pelo Irã.

Segundo Reznikov, as autoridades russas estariam agora em negociações com Teerã para comprar mais alguns milhares desses aparelhos aéreos não tripulados, segundo a agência de notícias Unian.

"Se vai acontecer ou não, veremos. Mas devemos estar preparados para isso, para não ficarmos parados. Estamos desenvolvendo sistemas para os repelir. O nosso Exército está conseguindo derrubá-los, já aprendemos como fazê-lo", disse o ministro ucraniano.

Desde agosto,  as autoridades ucranianas acusam o Irã de fornecer os drones Shahed-136 ao Exército russo, também designados como "drones kamikaze".

Teerã afirmou que não teve qualquer interferência ou envolvimento nesses ataques. "As notícias publicadas têm ambições políticas e estão sendo divulgadas por fontes ocidentais. Não estamos fornecendo armas a nenhum dos países em guerra", indicou o porta-voz do Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, Nasser Kanaani.

No fim de setembro, a Ucrânia retirou as credenciais do embaixador iraniano em Kiev e anunciou uma redução significativa da presença diplomática iraniana.

Ucrânia quer Rússia expulsa do G20

Ouvido nesta segunda-feira pela BBC, Justin Crump, especialista em Defesa, Inteligência e Segurança, disse que esses drones são "relativamente baratos", mas eficazes.

Acrescentou que os veículos não tripulados "são difíceis de serem detectados por radar" e voam a baixa altitude, sendo muito difícil interceptá-los com defesa antiaérea.

São "veículos leves" e podem ser enviados em grande quantidade. A dificuldade está em detectá-los e também na "sobrecarga" que provocam nos sistemas de defesa. 

Ainda assim, de acordo com as Forças Armadas ucranianas, foram abatidos entre 85% e 86% dos drones envolvidos nos últimos ataques. No total, a Ucrânia destruiu 37 veículos não tripulados desde a noite de domingo.

"Esse é um resultado bastante positivo da nossa defesa antiaérea", disse o porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuriy Ihnat.

Na reação aos novos ataques, o conselheiro presidencial Mykhailo Podolyak exigiu que a Rússia seja expulsa do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), bem como de outros fóruns internacionais.

"Aqueles que dão ordens para ataques a infraestruturas críticas, para fazer tremer civis, e organizam mobilização total para cobrir de cadáveres a linha da frente, não podem sentar-se à mesma mesa do restante dos líderes do G20, certamente. A Federação Russa deve ser expulsa de todas as plataformas", disse Mykhailo Podolyak no Twitter.

A próxima reunião do G20 será em novembro, na ilha indonésia de Bali. Os líderes da Rússia e Ucrânia foram convidados a participar. 

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