Manifestantes protestam no mundo contra morte da iraniana Mahsa Amin
Movimento de direitos humanos do Irã diz que pelo menos 83 pessoas já morreram no país durante protestos contra a morte da jovem Mahsa Amini, que começaram há duas semanas. Mas os movimentos e manifestações de solidariedade pelas mulheres iranianas espalharam-se pelo mundo. Neste sábado, várias cidades, em diversos países, foram palco de manifestações de apoio à revolta dos cidadãos iranianos, nos últimos dias.
Sob o slogan "Mulheres, vida, liberdade", centenas de pessoas protestaram ontem em mais de 150 cidades dos vários pontos do planeta, como Lisboa, Roma, Zurique, Paris, Londres, Aucland, Melbourne, Sydney, Estocolmo e Nova York.
Mais de duzentas pessoas manifestaram-se em Lisboa contra a repressão política no Irã, no contexto dos protestos desencadeados pela morte da jovem Mahsa Amini, sob alegação de uso “indevido” do véu islâmico, clamando por uma revolução no país.
Entre os manifestantes presentes ao Rossio estiveram muitos cidadãos iranianos que vivem em Portugal, especialmente mulheres, que falaram pelo povo, que enfrenta cada vez mais limitações, depois de Teerã ter imposto restrições no acesso à internet como meio de conter a revolta social. Mas não foram apenas as mulheres iranianas que ergueram a voz. Vários homens participaram do protesto para reivindicar direitos iguais para as mulheres, mas também para defender o direito à mudança em seu país.
Em Roma, os manifestantes levaram fotografias de Amini, a jovem curda que morreu depois de ser detida pela polícia da moralidade. "Seja a nossa voz", foi o grito mais ouvido durante protesto na cidade de Brisbane, no Leste da Austrália, no qual os organizadores disseram que milhares de pessoas, principalmente da diáspora iraniana, exigiam liberdades em seu país.
Em Berlim, mais de mil manifestantes ergueram cartazes denunciando o regime iraniano, enquanto em Bruxelas, mais de duas mil pessoas gritaram palavras de ordem contra a violência do regime de Teerã.
Em Tóquio, várias manifestantes queimaram lenços e cortaram os cabelos como desafio ao governo iraniano.
No continente americano, milhares de pessoas saíram às ruas, em Nova York, em apoio ao povo do Irã e gritaram durante horas o nome de Masha Amini.
Em marcha de cerca de um quilômetro até o Washington Square Park, o ambiente era de indignação, e os pedidos eram por justiça e liberdade para a população iraniana, especialmente as mulheres, que estão sujeitas a duras regras, como cobrir totalmente o cabelo em público.
Juntamente com bandeiras do Irã, a multidão de manifestantes levantou cartazes com mensagens como "Não ao Hijab [véu islâmico] obrigatório","Recordar Masha Amini”, “O poder das pessoas é maior do que as pessoas no poder”, “O meu corpo, as minhas escolhas” ou “Isto é uma revolução”.
Repressão violenta
Em todo o mundo, os manifestantes expressaram solidariedade aos movimentos e ativistas, alvos de violenta repressão por parte das autoridades iranianas, que mataram pelo menos 83 pessoas, desde que Amini morreu.
"Estudantes denunciaram nas universidades as ações da polícia contra os ativistas", informou a agência de notícias iraniana Fars, que relatou ainda comícios "organizados na Praça da Revolução, perto da Universidade de Teerã, no centro da capital, onde eclodiram confrontos entre a polícia e manifestantes, sendo que alguns foram presos".
Ao longo deste sábado, circularam nas redes sociais vídeos que mostravam manifestações e comícios em diversas universidades, onde jovens gritavam slogans a favor dos movimentos de protesto e contra a passividade das instituições do seu país.
"A cidade está afogada em sangue, mas os nossos professores permanecem em silêncio!", diziam manifestantes do lado de fora da Universidade Karaj, a oeste de Teerã, segundo um dos vídeos.
Na noite de sexta-feira, os iranianos manifestaram-se em Saqez, uma cidade no Curdistão, terra natal de Mahsa Amini.
Os vídeos mostraram ainda carros de bombeiros, estações de trens e bancos queimados. O governo afirma que os distúrbios, incluindo tiros disparados pela multidão, são da responsabilidade de grupos terroristas. Os manifestantes, por sua vez, acusam a polícia de disparar na multidão.
No Irã, é obrigatório as mulheres cobrirem o cabelo em público. A polícia fiscaliza ainda as mulheres que usam casacos curtos, acima do joelho, calças justas e jeans com buracos, além de roupas coloridas, entre outras regras.
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