Parlamento Europeu fará reforma contra corrupção, diz presidente
A presidente do Parlamento Europeu (PE), Roberta Metsola, garantiu hoje (15) aos chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) que liderará um "processo de reforma forte" na instituição, na sequência do escândalo de corrupção que atingiu a assembleia.
Como é tradicional, ela se dirigiu aos líderes dos 27 países que integram o grupo antes do início de mais um Conselho Europeu, em Bruxelas. Iniciou sua fala citando a "semana difícil" vivida, com a investigação policial que levou à detenção de membros da assembleia, entre eles uma vice-presidente, a deputada grega Eva Kaili, por suspeita de envolvimento em caso de corrupção relacionado com subornos do Catar para influenciar as decisões políticas do Parlamento.
"Posso dizer-lhes que as informações que recebemos das autoridades belgas indicam que existem sérias suspeitas de pessoas ligadas a governos autocráticos que praticam tráfico de influência de uma forma que suspeitamos ter a intenção de subjugar os nossos processos", afirmou a dirigente maltesa.
Roberta acrescentou que os serviços do Parlamento Europeu trabalharam em sincronia com as autoridades belgas e comemorou o fato de ter sido impedida a intenção de "subverter os processos" democráticos da instituição. Ela disse que "os suspeitos foram detidos, interrogados e acusados, como não poderia deixar de ser".
"Mas devo também dizer que, embora possamos sempre procurar reforçar a transparência, e vou liderar um forte processo de reforma, haverá sempre alguns para quem um saco de dinheiro vale sempre o risco. É essencial que essas pessoas compreendam que vão ser apanhadas. Que haverá consequências. Que os nossos serviços funcionarão e que enfrentarão toda a extensão da lei", observou Roberta Metsola.
Ao chegar à sede do conselho, a dirigente adiantou que sua principal mensagem aos líderes dos 27 seria a de garantir que "não vai haver impunidade" e a justiça será aplicada, até para que todos os atores estrangeiros com objetivos maliciosos saibam que "o Parlamento Europeu não está à venda".
Na última segunda-feira (12), ao abrir a sessão plenária do PE que ainda ocorre em Estrasburgo, na França, Roberta já havia manifestado sua "fúria, raiva e tristeza" com o caso. Anunciou uma reforma interna em nível de transparência, com uma série de medidas como investigação interna e uma reforma do acesso dos grupos de pressão (lobbies) às instalações parlamentares, assim como a proteção de denunciantes de atos criminosos.
No mesmo dia, o Parlamento Europeu destituiu do cargo a vice-presidente Eva Kaili, detida pela polícia belga.
A decisão de que a eurodeputada socialista grega não pode exercer o cargo foi aprovada por 625 votos a favor, um contra e duas abstenções, representando dupla maioria de dois terços dos votos expressos e maioria dos deputados que compõem a câmara.
A votação foi realizada considerando o Artigo 21 das regras de procedimento do PE, após investigações das autoridades belgas.
Eva Kaili, que já tinha sido suspensa e posteriormente expulsa do grupo parlamentar dos Socialistas e Democratas (S&D), está detida na Bélgica. Ela é suspeita de envolvimento em caso de corrupção relacionado com subornos do Catar para influenciar as decisões do Parlamento Europeu relativas à realização da edição de 2022 do Mundial de futebol.
O companheiro dela, Francesco Giorgi, também permanece detido, depois de ter comparecido a um tribunal de Bruxelas, juntamente com o ex-deputado socialista italiano Antonio Panzeri.
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