Ucrânia enfrenta ataque russo no Leste; aliados de Kiev planejam ajuda
Rússia e Ucrânia se enfrentavam em combates intensos na região de Donetsk, Leste do país, nesta terça-feira (13). Aliados de Kiev se reuniram em Paris, com o objetivo de discutir ajuda urgente auxiliar aos ucranianos para sobreviver às temperaturas do inverno.
Moscou luta para assumir o controle total das regiões de Donetsk e Luhansk, dois dos quatro territórios que o Kremlin afirma ter anexado, em votação que foi classificada pela maioria dos países como ilegal.
Moscou também está atacando a infraestrutura de energia da Ucrânia, com ondas de bombardeios com mísseis e drones, às vezes cortando a eletricidade de milhões de civis durante o conflito mais violento da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
"Eles estão bombardeando muito forte, há bombardeios especialmente à noite", disse Valentyna, de 70 anos, à Reuters, enquanto fugia da cidade ucraniana de Bakhmut, que Moscou tenta capturar, mas que agora está em ruínas por causa do bombardeio incessante.
Valentyna, que se recusou a dar seu sobrenome, falou em uma van dirigindo para a relativa segurança de Pokrovsk, controlada pelos ucranianos.
"A casa tremia e a cada minuto, segundo, que você espera, ela pode desmoronar ao seu redor e pronto. Eu não consegui nem dormir na última semana, então decidi ir embora", acrescentou.
Denis Pushilin, administrador instalado pela Rússia na parte controlada por Moscou, disse à imprensa que pouco mais da metade da República Popular de Donetsk foram "libertados". A autoproclamada república é uma entidade dissidente, apoiada pela Rússia, que luta contra as forças ucranianas desde 2014.
A Reuters não conseguiu verificar o relato de forma independente.
Os violentos combates na região nas últimas semanas não deixaram claro que de Donetsk estão sob controle russo e ucraniano.
Três civis foram mortos na região nas últimas 24 horas, disse o governador regional Pavlo Kyrylenko em seu canal Telegram. Na Região Sul, em Kherson, o governador regional Yaroslav Yanushevych relatou que três pessoas foram mortas e 15 ficaram feridas em ataques da artilharia russa no dia anterior.
As tropas russas bombardearam a parte da região de Kherson sob controle ucraniano 57 vezes, disse ele.
O bombardeio contínuo da Rússia na linha de frente em Donetsk destruiu completamente a cidade de Bakhmut e danificou fortemente Avdiivka, que fica no centro da região, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy.
A Bielorrússia, aliado próximo da Rússia, lançou inspeção rápida da prontidão de combate de suas tropas, após ordem do presidente Alexander Lukashenko, informou hoje o Ministério da Defesa.
Foi a mais recente de uma onda de ações militares, incluindo um exercício antiterrorista na semana passada, que tem levantado temores de que a Rússia possa montar um ataque à Ucrânia a partir do território bielorrusso nos próximos meses.
Enquanto isso, em Paris, cerca de 70 países e instituições discutiam o que pode ser oferecido até março para manter água, alimentos, energia, saúde e transporte da Ucrânia. Zelenskiy afirmou que a Ucrânia precisa de pelo menos 800 milhões de euros em energia de inverno urgente. Um segundo encontro entre França, Ucrânia e cerca de 500 empresas vai avaliar o que pode ser investido e feito a curto e longo prazos.
Kremlin
A Rússia rejeitou nesta terça-feira uma proposta de paz em três etapas do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, dizendo que Kiev precisa aceitar novas "realidades".
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que o progresso não é possível sem levar em conta essas realidades, incluindo a captura de territórios da Ucrânia pela Rússia.
Ele estava respondendo a um pedido de Zelenskiy aos líderes das potências do Grupo dos Sete na segunda-feira, por mais equipamento militar, apoio à estabilidade financeira e energética e apoio a uma solução de paz que começaria com a retirada das tropas russas da Ucrânia.
A Rússia tem dito repetidamente que está disposta a manter negociações de paz, mas que não vê a Ucrânia e o Ocidente, que está fornecendo armas a Kiev, prontos para fazê-lo. A Ucrânia afirma que a Rússia precisa interromper seus ataques e se retirar de todos os territórios que ocupou.
*É proibida a reprodução deste conteúdo.