OMS: cólera está mais preocupante que covid-19 no continente africano
A diretora regional para África da Organização Mundial da Saúde (OMS), Matshidiso Moeti, disse hoje que a principal preocupação já não é a covid-19, mas sim o surto de cólera, que afeta 10 países do continente africano.
"A ameaça da pandemia de covid-19 está diminuindo, agora estamos mais preocupados com a cólera, que já se espalhou por 10 países na África, e coloca uma extrema pressão nas vacinas limitadas que existem a nível mundial", disse Moeti, durante uma conferência de imprensa virtual a partir de Brazzaville.
No total, nas primeiras três semanas de janeiro, foram registrados no continente 20.552 novos casos de covid-19, o que representa uma queda de 97%, diante do registrado no mesmo período do ano passado, apesar de haver uma alta dos números na África do Sul, Tunísia e Zâmbia, salientou Moeti.
Ela admite que apesar de os números poderem ser maiores devido às baixas taxas de teste, o importante é que o número de hospitalizações e o número de mortes diminuiu para 88, diante das 9.096 registradas nas três primeiras semanas de 2022.
"Pela primeira vez desde que a covid-19 abalou as nossas vidas, janeiro não é sinônimo de um surto, e a África está embarcando no quarto ano da pandemia com a esperança de ultrapassar o modo de resposta de emergência, passando a conviver com o vírus neste novo normal", afirmou.
Na conferência de imprensa, a OMS defendeu ainda a necessidade de incluir a vacina contra a covid-19 no plano de vacinação normal dos países africanos.
Cólera
A cólera é uma doença que provoca fortes diarreias, que é tratável, mas que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida - sendo causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados por falta de redes de saneamento.
A epidemia de cólera em curso desde março de 2022 no Malawi já matou mais de 1 mil pessoas, de acordo com o governo, e já causou a morte de 16 pessoas em Moçambique.
"Nós temos um cumulativo de 1.376 casos de cólera e 16 óbitos, que correspondem a uma taxa de letalidade de 1,2%", disse Domingos Guiole, do departamento de vigilância em saúde pública no Misau, citado em 16 de janeiro pela televisão privada STV, o que levou o próprio Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, a defender que sejam "redobrados os cuidados de higiene".
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