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Internacional

EUA e Irã trocam prisioneiros após descongelamento de US$6 bilhões

Andrew Mills – Repórter da Reuters
Publicado em 18/09/2023 - 15:47
Doha
Norte-americanos libertados chegam a Doha. REUTERS/Mohammed Dabbous
© REUTERS/Mohammed Dabbous
Reuters

Cinco cidadãos norte-americanos deixaram o Irã e desembarcaram em Doha, nesta segunda-feira (18), em uma troca de prisioneiros por cinco iranianos detidos nos Estados Unidos e a transferência de US$ 6 bilhões em fundos iranianos, em um raro acordo entre os antagonistas de longa data.

“Hoje, cinco americanos inocentes que foram presos no Irã estão finalmente voltando para casa”, disse o presidente dos EUA, Joe Biden, em comunicado, acrescentando que “em breve se reunirão com os seus entes queridos – depois de suportar anos de agonia, incerteza e sofrimento”.

Não ficou claro se a troca poderá trazer progresso nas muitas questões que dividem as duas nações, incluindo o programa nuclear do Irã, o seu apoio às milícias xiitas regionais, a presença de tropas dos EUA no Golfo e as sanções dos EUA ao Irã.

Um avião enviado pelo país mediador, o Catar, tirou os cinco cidadãos norte-americanos e dois de seus parentes de Teerã depois que ambos os lados obtiveram a confirmação de que os recursos foram transferidos para contas em Doha, disse à Reuters uma fonte informada sobre o assunto.

Uma testemunha da Reuters viu o avião pousar no Aeroporto Internacional de Doha.

Anteriormente, dois dos cinco iranianos desembarcaram no Catar, disse uma autoridade dos EUA. Três optaram por não regressar ao Irã.

Os cinco iranianos-americanos – um dos quais estava detido há cerca de oito anos sob acusações que os Estados Unidos rejeitaram como infundadas – embarcariam em um avião do governo dos EUA em Doha para regressar aos Estados Unidos.

O acordo, após meses de conversações no Catar, elimina uma grande irritação entre os EUA, que classificam Teerã como patrocinador do terrorismo, e o Irã, que chama Washington de “Grande Satã”.

Uma autoridade graduada do governo dos EUA disse que o acordo não mudou a relação adversária de Washington com Teerã, mas a porta estava aberta para a diplomacia sobre o programa nuclear iraniano.

"Se virmos uma oportunidade, iremos explorá-la, mas neste momento não tenho nada sobre o que falar", disse a fonte aos jornalistas, falando sob condição de anonimato.

Os cidadãos norte-americanos com dupla nacionalidade libertados incluem Siamak Namazi, de 51 anos, e Emad Sharqi, 59, ambos empresários, e Morad Tahbaz, 67, ambientalista que também tem nacionalidade britânica. Eles foram libertados da prisão e colocados em prisão domiciliar no mês passado.

Um quarto cidadão norte-americano também foi libertado para prisão domiciliar, enquanto um quinto já se encontrava em prisão domiciliar. Suas identidades não foram divulgadas.

As autoridades iranianas nomearam os cinco iranianos libertados pelos EUA como Mehrdad Moin-Ansari, Kambiz Attar-Kashani, Reza Sarhangpour-Kafrani, Amin Hassanzadeh e Kaveh Afrasiabi. Duas autoridades iranianas disseram anteriormente que Afrasiabi permaneceria nos Estados Unidos, mas não mencionaram outros.

Mediador

O Catar, um pequeno, mas extremamente rico produtor de energia do Golfo Árabe, tem procurado aumentar seu perfil global, sediando a Copa do Mundo de futebol no ano passado e conquistando um papel na diplomacia internacional. A nação muçulmana sunita abriga uma grande base militar dos EUA, mas também estabeleceu laços estreitos com o Irã, muçulmano xiita.

Doha sediou pelo menos oito rodadas de conversações com negociadores iranianos e norte-americanos em hotéis separados, falando por meio da diplomacia itinerante, disse uma fonte anteriormente à Reuters.

Sob o acordo, Doha concordou em monitorar como o Irã gasta os fundos descongelados para garantir que o dinheiro seja gasto em bens humanitários, como alimentos e remédios, e não em quaisquer itens sob as sanções dos EUA.

A transferência dos recursos do Irã atraiu críticas dos republicanos, que dizem que Biden, um democrata, está na verdade pagando um resgate para cidadãos norte-americanos. A Casa Branca defendeu o acordo.

*Reportagem adicional de Elwely Elwelly em Dubai e Hyonshee Shin em Seul

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