Reino Unido vai classificar grupo Wagner como organização terrorista
O Governo britânico vai declarar o grupo paramilitar russo Wagner como organização terrorista, fazendo com que seja ilegal ser membro ou apoiador deste bando de mercenários. A violação da lei pode resultar em pena de até 14 anos de prisão. A informação foi adiantada nesta quarta-feira (6) pelo Ministério do Interior do Reino Unido.
O projeto de lei do governo britânico, que ainda será apresentado ao Parlamento, permitirá que os membros do grupo Wagner sejam presos e classificados como terroristas, indicou o Ministério do Interior em comunicado.
"Eles são terroristas, pura e simplesmente. E esta proibição torna isso claro na lei do Reino Unido", explicou Suella Braverman, ministra do Interior do país, falando em um grupo "violento e destrutivo" que "atuou como uma ferramenta militar de Vladimir Putin no estrangeiro".
Braverman disse anda que o grupo Wagner tem se envolvido em pilhagens, tortura e "homicídios bárbaros" na Ucrânia, Oriente Médio e África, representando uma ameaça à segurança global.
A Rússia já reagiu à decisão do Reino Unido, lembrando que, de um ponto de vista legal, o grupo Wagner não existe.
Os paramilitares têm sido acusados de vários crimes, incluindo matar e torturar cidadãos ucranianos. Em 2020, os Estados Unidos disseram que soldados doa Wagner colocaram minas ao redor da capital da Líbia, Tripoli.
Assim, o nome Wagner vai juntar-se à lista onde se encontram organizações como o Hamas (Palestina) e o Boko Haram (Nigéria).
O projeto de lei do Reino Unido deverá ser votado em 13 de setembro, data a partir da qual, se aprovado, torna crime pertencer ou promover o grupo de mercenários, organizar ou participar de reuniões, ou até usar o logotipo em público.
A violação da lei antiterrorismo no país pode resultar em pena de até 14 anos de prisão ou multa de até cinco mil libras (cerca de 5.850 euros).
Tribunal Especial
A oposição do Governo britânico considerou a decisão "tardia", mas positiva. "Agora o governo deveria pressionar para que um Tribunal Especial julgue Putin pelo seu crime de agressão", defendeu na rede social X (ex-Twitter) David Lamy, ministro dos Negócios Estrangeiros "sombra" e membro do Partido dos Trabalhadores.
O grupo Wagner tem levado a cabo operações na Síria, Líbia e várias nações africanas. Na Ucrânia, recrutou milhares de reclusos libertados de prisões russas para lutar na guerra lançada por Moscou em fevereiro do ano passado.
Em junho deste ano, o grupo liderado até recentemente por Yevgeny Prigozhin protagonizou uma rebelião contra a Rússia, ato descrito pelo presidente Vladimir Putin como "traição". No mês seguinte, o chefe da Wagner morreu na queda de um avião na Rússia.
O Reino Unido já tinha sancionado Prigozhin em 2020 e todo o grupo Wagner em 2022. Em julho deste ano, sancionou vários indivíduos e organizações ligadas ao grupo de mercenários na República Centro-Africana, Mali e Sudão.
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