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Internacional

Guerra no Oriente Médio é a mais fatal para jornalistas

Profissionais mortos são 50
Joana Raposo Santos - da RTP
Publicado em 21/11/2023 - 09:11
Lisboa
Journalists, relatives and friends pray over the body Journalists Sari Mansour and Hassouna Esleem after they were killed When a house was hit in the Israeli bombardment they were inside it of Bureij camp in the central Gaza Strip on November 19, 2023, amid the ongoing battles between Israel and the Palestinian group Hamas.  (Photo by Majdi Fathi/NurPhoto)NO USE FRANCE
© Reuters/Majdi Fathi
RTP - Rádio e Televisão de Portugal

São já 50 os jornalistas mortos desde o início da guerra no Oriente Médio, no dia 7 de outubro deste ano. O número representa um novo recorde: é o mais elevado dos últimos 30 anos, quando as estatísticas começaram a ser feitas. Noventa por cento dos profissionais assassinados no conflito no último mês e meio eram palestinos.

“A guerra Israel-Gaza tem causado graves danos aos jornalistas desde que o Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel no dia 7 de outubro e Israel declarou guerra a esse grupo palestino, lançando ataques na Faixa de Gaza”, informou o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

A entidade diz estar “investigando todos os casos de jornalistas e outros profissionais de meios de comunicação mortos, feridos ou desaparecidos nesta guerra, que levou ao mês mais mortífero para jornalistas desde que começaram a ser recolhidos dados, em 1992”.

Até a última segunda-feira (20), as investigações preliminares do CPJ contabilizam pelo menos 50 destes profissionais “entre os mais de 14 mil mortos desde 7 de outubro, com mais de 12 mil palestinos mortos em Gaza e na Cisjordânia e 1.200 em Israel”. As Forças de Defesa de Israel disseram às agências de notícias Reuters e France Press que não podiam garantir a segurança dos jornalistas na Faixa de Gaza.

Escalada de mortes

“O segundo dia mais fatal para jornalistas ocorreu a 18 de novembro, com cinco mortos; o dia mais fatal foi o primeiro dia da guerra, 7 de outubro, com seis jornalistas assassinados”, informou o comitê.

Dos 50 profissionais do setor mortos nesta guerra, 45 tinham nacionalidade palestina, quatro eram israelenses e um libanês. Para além desta meia centena, outros 11 jornalistas registram ferimentos, três estão desaparecidos e 18 foram detidos.

Há também relatos de ataques, ameaças, censura e assassinato de familiares de vários jornalistas. O número supera o de todo o ano de 2022.

O comitê alerta que os jornalistas em Gaza enfrentam riscos particularmente elevados enquanto tentam cobrir a incursão israelense, que inclui “ataques aéreos devastadores, quebra nas comunicações, escassez de bens e falhas de energia”.

“O Comitê para a Proteção dos Jornalistas enfatiza que os jornalistas e civis estão a fazer um trabalho importante em tempo de crise e que não podem ser alvo de nenhuma das partes”, informou a entidade. “Jornalistas em toda a região estão fazendo enormes sacrifícios para cobrir este conflito devastador”.

Ameaças

“Em Gaza, em particular, eles sofreram e continuam a sofrer um número de mortes sem precedentes e enfrentam crescentes ameaças. Muitos perderam colegas, famílias e locais de trabalho, acabando por fugir em busca de segurança quando não existe uma saída segura”, lamenta o comitê.

A meia centena de mortes registradas só neste conflito contrasta com os 42 óbitos de jornalistas em todo o mundo em 2022, número que inclui 15 mortos durante a guerra na Ucrânia.

O número ultrapassa também o de jornalistas mortos no pico da guerra civil na Síria - 30 -, até há pouco tempo considerado o mais fatal cenário de guerra para estes profissionais em tempos recentes.