Governo do Japão pode perder maioria parlamentar nas eleições


A coalizão governista do Japão deverá perder sua maioria parlamentar, segundo as pesquisas de boca de urna para as eleições gerais deste domingo (27), aumentando a incerteza sobre a composição do governo da quarta maior economia do mundo.
Uma pesquisa da Nippon TV mostrou que a sigla do primeiro-ministro, Shigeru Ishiba, o Partido Liberal Democrático (PLD), que governou o Japão durante quase toda a sua história no pós-guerra, e seu parceiro menor de coalizão, Komeito, obteriam 198 das 465 cadeiras na câmara baixa do Parlamento japonês.
Isso seria bem menos do que os 233 necessários para manter a maioria e seria o pior resultado eleitoral desde que a coalizão perdeu o poder por um breve período em 2009.
A previsão era de que o maior vencedor da noite, o Partido Democrático Constitucional do Japão (PDCJ), principal partido de oposição, ganharia 157 cadeiras, já que os eleitores puniram o partido de Ishiba por causa de um escândalo de financiamento e da inflação.
O resultado pode forçar os partidos a fazer acordos frágeis de divisão de poder para governar, o que pode levar à instabilidade política, já que o país enfrenta ventos contrários econômicos e um ambiente de segurança cada vez mais tenso no Leste Asiático.
A eleição ocorre nove dias antes de os eleitores dos Estados Unidos -- o aliado mais próximo do Japão -- irem às urnas em outra votação imprevisível.
"Esta eleição tem sido muito difícil para nós", disse Ishiba à TV Tokyo, com um semblante sombrio, com cerca de 40% dos assentos ainda a serem declarados.
Ele disse que esperaria até os resultados finais, que provavelmente serão divulgados na madrugada de segunda-feira, antes de considerar possíveis coalizões ou outros acordos de compartilhamento de poder.
Uma pesquisa da emissora pública NHK previu que sua coalizão ganharia entre 174 e 254 cadeiras, e o PDCJ entre 128 e 191 cadeiras.
Ishiba convocou eleições antecipadas imediatamente após ter sido eleito para liderar o partido no mês passado, na esperança de obter um mandato público para seu cargo de primeiro-ministro. Seu antecessor, Fumio Kishida, renunciou depois que seu apoio diminuiu devido à raiva em relação à crise do custo de vida e ao escândalo envolvendo doações não registradas a legisladores.
O PLD tem mantido uma maioria absoluta desde que retornou ao poder em 2012, após um breve período de governo de oposição. Ele também perdeu o poder brevemente em 1993, quando uma coalizão de sete partidos de oposição formou um governo que durou menos de um ano.
Espera-se que o Nikkei, principal índice de ações do Japão, e o iene caiam, ao passo que os rendimentos dos títulos públicos de prazos mais longos são vistos subindo à medida que os investidores reagem à incerteza.
"O julgamento dos eleitores sobre o bloco governista foi mais severo do que o esperado", disse Saisuke Sakai, economista sênior da Mizuho Research and Technologies.
"A incerteza sobre a continuidade do governo aumentou, e o mercado de ações provavelmente reagirá amanhã com uma liquidação, especialmente entre os investidores estrangeiros."
Reportagem de Sakura Murakami, Tim Kelly, John Geddie, Chang-Ran Kim, Kantaro Komiya e Yoshifumi Takemoto
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