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Internacional

Consumidores dos EUA estocam produtos antes das novas tarifas de Trump

Eles temem reajuste de preços de produtos
Siddharth Cavale - Repórter da Reuters
Publicado em 08/04/2025 - 09:20
Secaucus Nova Jersey - EUA
Consumidores fazem compras em loja do Walmart em Secaucus, no Estado norte-americano de Nova Jersey
03/04/2025 REUTERS/Siddharth Cavale
© Reuters/Siddharth Cavale/Proibida a reprodução
Reuters

Empurrando um carrinho de compras pelo corredor de um Walmart Supercenter, Thomas Jennings, 53 anos, encheu-se de sucos, condimentos e tudo o que pôde imaginar.

"Estou comprando o dobro de qualquer coisa - feijão, produtos enlatados, farinha, o que quiser", disse ele. Sua estratégia é estocar o máximo possível antes que a última rodada de tarifas de importação do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entre em vigor nesta quarta-feira (8).

Mais cedo, na Costco, Jennings comprou farinha, açúcar e água a granel. "Há uma recessão a caminho e estou me preparando para o pior", disse ele.

Como um número cada vez maior de consumidores dos EUA, Jennings acredita que os preços de varejo subirão em breve por causa das tarifas de Trump.

A Tax Foundation, um grupo de pesquisa apartidário e sem fins lucrativos, disse que as novas tarifas custarão aos norte-americanos US$ 3,1 trilhões nos próximos 10 anos, o que equivale a um aumento de impostos de aproximadamente US$ 2.100 por família somente em 2025.

Medo de pânico

Mesmo que muitos compradores adotem uma abordagem de esperar para ver, alguns temem que qualquer pânico desencadeie um frenesi de estocagem que se intensifique com as expectativas de uma inflação ainda pior, disseram à agência de notícias Reuters.

.Manish Kapoor, fundador da GCG, uma empresa de gestão da cadeia de suprimentos nos arredores de Los Angeles, afirmou que as tarifas estão despertando os temores de prateleiras vazias das lojas vistos durante a pandemia, quando as interrupções na cadeia de suprimentos levaram à escassez de produtos e à inflação

"Vimos isso também durante a Covid-19, quando todo mundo foi freneticamente pegar tudo o que havia nas prateleiras das lojas, quer precisassem ou não", disse Kapoor.

"Não chegamos a esse nível, mas as pessoas estão preocupadas com o fato de que o custo (dos produtos) vai subir e, você sabe, vamos estocar," observou. O Walmart e a Costco não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

Angelo Barrio, 55 anos, um profissional aposentado do setor de vestuário, disse que as táticas de Trump de "turvar a água e causar o caos" preocuparam a ele e a seus amigos quanto aos rumos da economia.

Barrio começou a comprar produtos com longa vida útil em novembro, pois temia que os varejistas repassassem os custos das tarifas para seus clientes.

No Costco, esta semana, ele estocou pasta de dente Crest, sabonete, água e arroz para encher seis caixas já cheias de produtos enlatados em seu porão com temperatura controlada.

No Walmart, ele comprou mais duas garrafas de azeite de oliva, elevando seu estoque total para 20 garrafas. "Você nunca tem certeza de quanto vai precisar", observou.

Barrio é simpático à China, que Trump ameaçou na segunda-feira (7) com uma tarifa adicional de 50% se Pequim não retirar suas tarifas de retaliação sobre os Estados Unidos.

"Eles estão simplesmente sendo punidos sem culpa própria", opinou. "Sempre fiquei feliz por eles poderem nos fornecer produtos a preços tão baixos."

Maggie Collins, que tem 60 e poucos anos, disse que está "tremendo de medo" ao se preocupar com as tarifas de Trump e seu impacto sobre os idosos.

Em um supermercado Walmart em North Bergen, Nova Jersey, Collins encheu seu carrinho com itens como gel de banho e absorventes higiênicos, preferindo marcas mais baratas.

Consumidor mais atento

"Observo todos os preços com atenção porque tenho uma renda fixa", relatou Collins, auxiliar de saúde em uma casa de repouso para idosos. "Pagar um preço mais alto em algum lugar significa fazer ajustes em algum outro orçamento."

Em uma visita recente ao Shoprite, onde Collins comprou carne moída para cozinhar para seus netos, sua compra típica de carne de 1,36 kg custou US$ 16, forçando-a a comprar a versão de US$ 8.

Como a geração mais jovem lidará com isso, ela se perguntou. "Eles estão apenas começando a entrar neste mundo em que se tornou tão difícil sobreviver."

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