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Internacional

Fuzileiros navais chegam a Los Angeles, enquanto protestos se espalham

Militares foram enviados por ordem de Trump para reprimir protestos
Brad Brooks e Jorge Garcia e Phil Stewart e Idrees Ali - repórteres da Reuters
Publicado em 10/06/2025 - 17:30
Los Angeles (EUA)
Membros da Guarda Nacional em fila enquanto manifestantes se reúnem nas proximidades em Los Angeles, Califórnia, EUA
09/06/2025
REUTERS/Leah Millis
© LEAH MILLIS
Reuters

Centenas de fuzileiros navais dos Estados Unidos chegaram a Los Angeles durante a noite e outros eram esperados para esta terça-feira (10), sob as ordens do presidente Donald Trump, que também mobilizou 4.000 soldados da Guarda Nacional para reprimir protestos apesar das objeções do governador da Califórnia, Gavin Newsom, e de outros líderes locais.

A cidade tem vivido dias de indignação pública desde que o governo Trump lançou uma série de batidas anti-imigração na sexta-feira. Segundo autoridades locais, as manifestações da segunda-feira foram em grande parte pacíficas.

Cerca de metade dos aproximadamente 700 fuzileiros navais que Trump mandou para Los Angeles chegou na noite de segunda-feira, e as tropas restantes devem entrar na cidade nesta terça-feira, disse uma autoridade dos EUA à Reuters. O Exército dos EUA não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, disse à KABC que mais de 100 pessoas foram presas na segunda-feira, mas a maioria dos manifestantes não foi violenta. No fim de semana, manifestantes atiraram pedras e outros objetos em policiais e veículos e incendiaram carros. A polícia respondeu disparando projéteis como balas de pimenta, bem como granadas de atordoamento e gás lacrimogêneo.

Trump justificou sua decisão de enviar tropas militares ativas para Los Angeles descrevendo os protestos como uma ocupação violenta da cidade, caracterização que Newsom e Bass consideraram muito exagerada.

Para Newsom, o envio de tropas da Guarda Nacional por Trump apenas inflamou a situação e tornou mais difícil para as forças policiais locais responderem às manifestações.

Em uma declaração na segunda-feira, o chefe de polícia de Los Angeles, Jim McDonnell, disse que o departamento não havia sido notificado de que algum fuzileiro naval estava viajando para a cidade e que sua possível chegada "representa um desafio logístico e operacional significativo" para a polícia.

A decisão de Trump de mobilizar 700 fuzileiros navais baseados no sul da Califórnia aumentou seu confronto com Newsom, que entrou com uma ação na Justiça na segunda-feira afirmando que o envio de tropas da Guarda por Trump sem o consentimento do governador era ilegal. Esta foi a primeira vez em décadas que um presidente ativou a Guarda sem a solicitação de um governador em exercício.

Embora os fuzileiros navais tenham a tarefa de proteger temporariamente a propriedade federal até a chegada do contingente completo de 4.000 soldados da Guarda, o uso de militares da ativa para responder a distúrbios civis é extremamente raro.

"Não se trata de segurança pública", escreveu Newsom no X na segunda-feira. "Trata-se de acariciar o ego de um presidente perigoso."

Em uma postagem na manhã desta terça-feira no Truth Social, Trump afirmou que Los Angeles estaria "queimando até o chão agora mesmo" se ele não tivesse enviado tropas para a cidade.

Manifestações e prisões

As batidas fazem parte da ampla repressão imigratória de Trump, que, segundo democratas e defensores dos imigrantes, está separando famílias indiscriminadamente.

A secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, prometeu na segunda-feira realizar mais operações para prender suspeitos de violações de imigração. Autoridades de Trump classificaram os protestos como sem lei e culparam os democratas estaduais e locais por protegerem os imigrantes sem documentos com cidades santuário.

Centenas de manifestantes se reuniram na segunda-feira do lado de fora de um centro de detenção federal no centro de Los Angeles, onde os imigrantes foram mantidos, cantando "libertem todos eles" e agitando bandeiras do México e da América Central.

As forças da Guarda Nacional formaram uma barricada humana para manter as pessoas fora do prédio e, no final da segunda-feira, a polícia começou a dispersar a multidão usando gás e prendeu alguns manifestantes.

Ao anoitecer, policiais tiveram confrontos com manifestantes que se espalharam pela seção Little Tokyo da cidade. Enquanto as pessoas assistiam dos pátios dos apartamentos acima do nível da rua e os turistas se amontoavam nos hotéis, um grande contingente de policiais da polícia de Los Angeles e delegados do xerife disparavam tiros que ecoaram pelas ruas laterais junto com gás lacrimogêneo.

Os protestos se espalharam para o condado vizinho de Orange, na noite de segunda-feira, após batidas de imigração na área, com manifestantes se reunindo no edifício federal de Santa Ana, de acordo com autoridades locais e reportagens.

Manifestações também surgiram em pelo menos nove outras cidades dos EUA na segunda-feira, incluindo Nova York, Filadélfia e São Francisco, de acordo com notícias locais.

Em Austin, Texas, a polícia disparou munições não letais e deteve diversas pessoas ao entrar em confronto com uma multidão de centenas de manifestantes.

* Reportagens de Jorge Garcia, Brad Brooks, Jane Ross e Arafat Barbakh em Los Angeles e Idrees Ali e Phil Stewart em Washington; reportagens adicionais de Sandy Hooper, Joel Angel Juarez, Kanishka Singh, Ismail Shakil, Doina Chiacu, Steve Holland, Nandita Bose, Lizbeth Díaz, Noé Torres, Alexia Garamfalvi e Dietrich Knauth; redação de Dan Trotta, Andy Sullivan e Joseph Ax;

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