Investir na área espacial vai dar autonomia ao Brasil, diz ministro
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, disse hoje (14) que a formação de profissionais na área de tecnologia aeroespacial é fundamental para que o país acompanhe o desenvolvimento internacional no setor.
“Não podemos esperar que nos ensinem, temos que encontrar o nosso próprio caminho", disse o ministro na tarde desta terça-feira, no campus da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, durante conversa com alunos de pós-graduação, na tenda da Associação Nacional de Pós-Graduação, um dos eventos da 67ª edição da reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Na avaliação do ministro, o país deve ter mais pesquisadores e engenheiros trabalhando na área espacial. "Caso contrário, não vamos prover necessidades para o nosso país. Vamos ficar vulneráveis”.
Ele ressaltou que “tudo” o que é feito hoje depende de equipamentos que estão no espaço. “Precisamos dos sinais de satélites para diversas ações, como comunicações, deslocamento e lazer, e para inúmeras áreas da atividade econômica, além da militarização.”
Aldo Rebelo disse que a politica atual do ministério é buscar autonomia, principalmente em áreas nas quais as tecnologias não são transferíveis. “Tem patente para tudo no mundo, mas não tem para as áreas nuclear e espacial. Quem quiser colocar um satélite em órbita, por conta própria, trate de ter o seu foguete. Enquanto não tiver, vai depender do foguete alheio. No dia em que o alheio disser que está faltando foguete, você fica sem satélite. Então, trate de ter o seu foguete”, enfatizou.
Para o ministro, quem acha caro e desnecessário investir em foguetes está enganado. “Tem coisa que custa muito mais caro não ter feito. Não ter foguete pode custar muito mais caro”, afirmou.
Enquanto isso, no estande da Agência Espacial Brasileira (AEB), na Expo T&C, uma das principais exposições da reunião, o estudante de engenharia aeroespacial da Universidade de Brasília (UnB) Brenno Popov, 21 anos, contou que construiu o primeiro artefato espacial antes de se tornar engenheiro. Ele participa do programa Serpens, da AEB em parceria com universidades, e ajudou a criar e montar um nanossatélite que em breve estará no espaço.
Os nanossatélites são satélites pequenos, de 1 a 10 quilos. Segundo Popov, o primeiro nanossatélite do Serpens ficou pronto em março. O desafio do projeto é provar a capacidade dos pequenos satélites de transmitir dados, recebendo e devolvendo mensagens. O lançamento será feito pela Jaxa, agência espacial japonesa, e a previsão de partida é para outubro. O Brasil não tem veículo lançador para foguetes.
O estudante explicou que, após 30 minutos de lançamento, o plano é que o sistema ligue e as antenas sejam liberadas, deixando o satélite pronto para receber comunicações da Terra. “Como é um satélite universitário, que os estudantes ajudaram a desenvolver, não há certeza de que vá funcionar. Mas, por ser uma plataforma barata, de fácil manuseio, se der problema a perda é pequena”, explica.
O modelo de engenharia custou R$ 400 mil. O projeto todo teve orçamento de R$ 3 milhões, incluindo a locação de equipamentos e modelo de voo. É o primeiro de uma série prevista pelo Serpens, que quer fazer um nanossatélite por ano com diferentes propósitos.
Matéria alterada às 13h58, do dia 15 de julho, para correção de informação. Diferentemente do informado, o ministro Aldo Rebelo não citou o estudante de engenharia em sua fala