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Terapia usada em cães pode ser passo para cura de câncer de pele em humanos

Aline Leal - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 08/05/2016 - 18:41
Brasília

 

Terapia usada em cães pode ser passo para cura de câncer de pele em humanos

Terapia usada em cães pode ser passo para cura de câncer de pele em humanosDivulgação/Martha Rocha

Uma terapia desenvolvida pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (Inct) em Nanobiotecnologia, que cura um tipo de câncer de pele em cães, pode ser grande passo para a descoberta da cura de alguns tipos de câncer humanos. Nos testes clínicos feitos em cachorros, a terapia fotodinâmica, que envolve uma emulsão com uso de nanotecnologia e a aplicação de um fotossensibilizador, tem curado os tumores malignos, dispensando quimioterapia, radioterapia e cirurgia, que muitas vezes são mutiladoras.

“Nós conseguimos a cura do hemangiossarcoma cutâneo em sete cães que tiveram esse tratamento”, relatou a veterinária Martha Rocha, que desenvolve a técnica como trabalho de doutorado na Universidade de Brasília (UnB). A pesquisadora explica que a terapia consiste na aplicação de uma emulsão no tumor. A fórmula é ativada com o uso de um fotossensibilizador – no caso, uma luz vermelha que poduz radicais livres que matam as células cancerígenas.

De acordo com o coordenador do Inct em Nanobiotecnologia e orientador do projeto, Ricardo Bentes, o tratamento já está sendo testado em câncer de pele humano. “Estamos ajustando o fluido que será usado em pessoas. [É] uma questão de acertar detalhes como a estabilidade do produto e em que quantidade penetra para darmos como concluído”, disse ele.

Em humanos, o hemangiossarcoma é mais comum em órgãos internos, onde é difícil chegar com a luz. Porém, a técnica está sendo adaptada para a cura do carcinoma basocelular, comum em pele humana, e que atualmente pode ser curado principalmente com cirurgia, quimioterapia local e radioterapia. O próximo passo, segundo o pesquisador, será investir na adaptação deste tratamento para outros cânceres humanos – nos quais a luz possa alcançar – e patologias causadas por fungos e bactérias.

O especialista explica que além de matar as células do tumor, esee tratamento estimula a imunidade do organismo. “O que se busca em tratamento para câncer é a imunoterapia; é fazer com que o organismo reaja contra o câncer. Mas o que acontece quando você faz quimioterapia e radioterapia é o contrário: a imunidade cai. Nesse caso, se ficar alguma célula residual, o organismo está imunodeprimido, e o tumor pode voltar com tudo e vir até mais agressivo. O que a gente percebe com a terapia fotodinâmica é que ela faz uma imunoestimulação”, acrescentou.

Tecnologia

O pesquisador explica que já existe uma primeira geração de fotossensibilizadores no mercado, mas diferentemente da nova tecnologia, a antiga exige a incidência de luz no tumor por mais tempo e também a permanência do paciente no escuro para evitar lesões. Outra desvantagem da primeira geração, segundo o especialista, é que ela usa um comprimento de onda baixa, o que por vezes impossibilita a morte das células malignas por completo. Ele salientou que “o comprimento da luz vermelha atinge profundidades maiores do tumor”.

Segundo Bentes, a vantagem da nova terapia é que ela não tem efeitos colaterais, "no máximo um pouco de dor no momento da aplicação. O paciente não vai sentir enjoo, nem perder cabelo, e assim o paciente adere melhor ao tratamento. Além disso, o paciente faz o tratamento e meia hora depois vai para casa, não precisa ser internado”. O professor informou que busca parcerias com a indústria farmacêutica para viabilizar a oferta do produto no mercado.