Abramo defende definição de um teto para as doações eleitorais pelas empresas
O estabelecimento de um valor máximo para a doação financeira de empresas a campanhas eleitorais foi defendida pelo cientista social Cláudio Abramo, diretor executivo da organização não governamental Transparência Brasil. Na avaliação dele, proibir as doações levaria apenas a uma redução da transparência, uma vez que os valores continuariam a ser arrecadados, mas como caixa 2s.
Abramo foi o primeiro entrevistado da série Corrupção que começou a ser exibida na noite de hoje (24) na edição noite do Repórter Brasil, da TV Brasil. A série, com entrevistas ao vivo, será apresentada no telejornal até sexta-feira (28) no telejornal, a partir das 21h.
"Já que não se pode alcançar o ideal, que também tem problemas de natureza eleitoral, que traz a proibição do financiamento, vamos tentar o factível: estabelecer um teto acima do qual as empresas não possam doar. E um teto baixo", defendeu Abramo.
Ele ressaltou que nas eleições de 2014, de acordo com as prestações de contas da segunda parcial, 30 empresas foram responsáveis por 50% das doações às campanhas dos partidos. "Isso dá um poder de fogo absurdo para essas empresas", disse. "Ao longo dos últimos 13 anos, de 2002 a 2012, houve mais de R$ 600 milhões doados por empresas que estão metidas no caso Petrobras", acrescentou.
O ideal, para Abramo, seria a proibição para esse tipo de doação. Mas reconhece que isso "não deu certo em lugar nenhum. Não acaba com o interesse que existe das empresas em influenciar a política, nem com o interesse dos políticos de suplantar os adversários". O diretor da Transparência Brasil concluiu que "isso não acontece agora, vem de tempo, tem um mecanismo de permissividade nessas doações eleitorais que vem de muito tempo".
Amanhã (25), o entrevistado da série será o historiador Pedro Henrique Pereira Campos da Universidade Federal Fluminense. Ele é autor da tese A Ditadura dos Empreiteiros: As Empresas Nacionais de Construção Pesada, suas Formas Associativas e o Estado Ditatorial Brasileiro, 1964-1985. O tema será a origem da corrupção desde o Brasil colônia.