Hage confirma uso de senha de Zelada no vazamento de documentos da Petrobras
O ex-ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) Jorge Hage disse hoje (7) que não há qualquer dúvida de que os documentos sigilosos entregues à empresa holandesa SBM Offshore foram enviados com a senha do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Jorge Zelada, preso no último dia 2 pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF).
“Confirmamos que houve vazamento de informações retiradas do sistema da Petrobras, com uso da senha do senhor Jorge Zelada. Ele nega que o fez, mas, no nosso entendimento, é responsável pela senha”, afirmou Hage. Segundo ele, a confirmação foi um dos motivos que levaram à abertura de processo contra o ex-diretor da estatal. Hage disse ainda que o vazamento foi feito de um computador na residência de Zelada.
Jorge Hage, que está depondo como testemunha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, negou que a CGU tenha protelado as investigações. Ele afirmou que a controladoria começou a apurar denúncias de irregularidades 48 horas depois de receber informações de um jornalista estrangeiro.
Ele acrescentou que o resultado foi a abertura de processos contra seis empregados, ex-empregados e ex-diretores da estatal - Renato Duque, Nestor Cerveró, Jorge Zelada, José Orlando Melo de Azevedo, José Augusto Salgado da Silva e José Eduardo Loureiro.
O ex-ministro foi convidado para explicar a acusação do ex-funcionário da SBM Offshore e advogado Jonathan Taylor, segundo o qual a CGU não investigou suspeitas de pagamento de propina no ano passado, por causa do calendário eleitoral.
De acordo com a denúncia de Taylor, foram encaminhados à CGU documentos confirmando que a empresa holandesa pagou US$ 139 milhões ao empresário Júlio Faerman, ex-representante da SBM no Brasil, sendo a maior parte do dinheiro usada para pagamento de propina a diretores da estatal. Taylor disse que as informações não foram usadas por “motivação política”.
Hage desmentiu o advogado e afirmou que a CGU investiga o caso desde fevereiro do ano passado, o que resultou em 13 processos punitivos contra funcionários da Petrobras, três sindicâncias patrimoniais e no processo de responsabilização de caráter punitivo contra a SBM. O ex-ministro disse também que a controladoria decidiu não usar as informações de Taylor, porque suspeitava que as provas eram ilegais e nada acrescentavam às investigações.
“Em nenhum momento, disse que eram desprezíveis. Todas as informações foram checadas. Checamos o que confirmamos com prova legal. [As informações de Taylor] chegaram em grande parte atrasadas porque já estávamos investigando. Já tínhamos obtido muita coisa e não poderíamos utilizá-las porque não eram legitimas”, concluiu Hage.
Quase quatro horas depois do início do depoimento, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) acabou provocando um bate-boca na CPI ao afirmar que o ex-ministro é cúmplice dos “cabeças” do esquema de irregularidades. O parlamentar questionou a decisão da CGU de não usar as informações entregues por Taylor afirmando que o órgão preferiu ouvir o acusado, a Petrobras, e não considerar a palavra do advogado que, segundo ele, chegou a ocupar lugar de destaque na SBM. Ao tentar responder os questionamentos, Hage e Lorenzoni não se entenderam e falavam ao mesmo tempo.