Argentinos acompanham com atenção as eleições no Brasil

O foco está voltado para as negociações comerciais

Publicado em 06/10/2018 - 12:23 Por Monica Yanakiew - Repórter da Agência Brasil - Buenos Aires

 

A eleição no Brasil, principal sócio comercial da Argentina, é acompanhada com atenção e preocupação no país vizinho. O governo de Mauricio Macri aguarda a posse do presidente brasileiro para finalizar as negociações de integração entre o Mercosul (Mercado Comum do Sul, integrado também pelo Uruguai e Paraguai) com a União Europeia (UE).

A Argentina precisa aumentar suas exportações para reduzir o déficit fiscal a zero no próximo ano. Foi a promessa feita ao Fundo Monetário Internacional (FMI), em troca de uma linha de crédito de US$ 57 bilhões para frear a disparada do dólar e da inflação, que até dezembro deve superar os 40%. 

“Em plena turbulência, a Argentina espera com inquietação o voto no Brasil”, publicou neste sábado (6) o jornal La Nación. A eleição – seja qual for o resultado – não acaba com o clima de incerteza no Brasil, “que mantém em expectativa toda a região”.

A matéria cita os “desafios urgentes” do próximo presidente e os “crescentes problemas estruturais”, entre os quais o “déficit fiscal e financeiro de 7% do Produto Interno Bruto (PIB)”. Mas, segundo os especialistas ouvidos, existem dúvidas sobre os programas dos presidenciáveis e sua capacidade em executá-los – o que por sua vez geraria “volatilidade”.

Impactos

Para os argentinos, o que ocorre no Brasil tem um efeito imediato no país vizinho. As eleições brasileiras são acompanhadas pelos principais jornais, além das emissoras de rádio e televisão. O jornal Clarín diz que as divisões políticas no Brasil afetaram até o futebol – paixão compartilhada pelos dois países.

O Clarín menciona um vídeo dos torcedores do clube Palmeiras, com cânticos homofóbicos. “O futebol se converteu numa arena política em que partidários de Jair Bolsonaro disputam gols e espaços contra os anti-bolsonaristas”, relata o texto.

Integração

A integração entre Brasil e Argentina (principais sócios do Mercosul) contribuiu para o aumento do número de brasileiros trabalhando e estudando no país vizinho. Atualmente, existem 6.210 eleitores brasileiros habilitados para votar na capital, Buenos Aires. Pouco mais de mil votam em outras localidades argentinas.

Porém, há muitos brasileiros residentes na Argentina que não vão votar, como a estudante de medicina Mariana Arruda, de 23 anos, que não informou que estava morando fora do Brasil e gostaria de votar no país vizinho.

“Na época em que vim para cá, nem pensei nisso. Agora me arrependo, porque não há como não acompanhar essas eleições, tão polarizadas e sei que cada voto fará uma diferença”, disse. “Mas, por momentos me sinto aliviada de não ter que tomar uma decisão. Nenhum dos candidatos me representa. O que sei e que todos meus amigos e parentes estão brigados nas redes sociais.” 

Edição: Carolina Pimentel

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