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Política

No Rio de Janeiro, Mourão fala da relação entre governo e Congresso

Vice-presidente respondeu perguntas de jornalistas estrangeiros
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 15/07/2019 - 16:46
Rio de Janeiro
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, fala durante coletiva de imprensa para correspondentes internacionais na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no Rio de Janeiro.
© Tomaz Silva/Agência Brasil

Em agenda hoje (15) no Rio de Janeiro, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, considerou uma vitória a aprovação da Reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara, mas falou sobre as dificuldades na relação entre governo e Congresso, que na visão dele é fragmentado com o número elevado de partidos políticos. Mourão lembrou que mais da metade da Câmara é formada por deputados em mandatos novos que ainda estão descobrindo as suas capacidades junto a parlamentares com mais tempo de Casa.

De acordo com ele, funciona no Brasil quase um presidencialismo de coalizão, que junta partidos para garantir maioria aos projetos do governo, mas essa não é a forma de governar do presidente Jair Bolsonaro, que escolheu os ministros, independentemente dos partidos aos quais pertenciam. Para Mourão, não é fácil a tarefa do ministro da Casa Civil, Onix Lorenzoni, de fazer a ponte entre o Legislativo e o Executivo.

“Vejo daqui para frente, se o presidente mantiver a linha de ação dele, de que vai buscar a maioria transitória dependendo do projeto ou daquilo que deve ser aprovado, vai ser o tempo todo esse puxa encolhe no Congresso. É um jogo de paciência”, apontou durante coletiva a correspondentes internacionais, na sede da Confederação Nacional do Comércio, no centro do Rio.

Mourão já tinha falado da fragmentação do Congresso mais cedo durante palestra na abertura do II Rio Money Forum, na sede da Fundação Getúlio Vargas (FGV), na zona sul da cidade, quando também defendeu uma reforma política para o Brasil, com redução no número de partidos e a adoção do voto distrital.

Meio ambiente

Os jornalistas presentes na coletiva fizeram muitas perguntas relacionadas ao meio ambiente. Mourão disse não ter dúvidas de que o clima mudou e deu o exemplo que há 40 anos, quando morava no Rio de Janeiro, dormia sem ar-condicionado, o que atualmente, é difícil. Destacou, no entanto, que a discussão sobre este tema é se a mudança é sazonal, como em outras épocas, ou se veio para ficar. Acrescentou que na área do Meio Ambiente, o Brasil é olhado com uma lupa pelas nações.

“A minha visão particular, não é uma visão de governo, é de que existem dois aspectos. Um [aspecto] das pessoas realmente conectadas como ambientalistas e o meio ambiente e outro [aspecto] onde o potencial agrícola e mineral do Brasil é enorme”, disse.

Mourão reconheceu que o Ibama e o ICMBio sofrem com carência de pessoal para enfrentar problemas de invasão de florestas e defendeu que é preciso buscar formas sustentáveis de manejo. “Uma coisa que deixo claro é que o nosso governo, não deixará em nenhum momento de buscar de todas as formas a preservação dos nossos biomas”, afirmou.

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, fala durante coletiva de imprensa para correspondentes internacionais na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no Rio de Janeiro.
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, fala durante coletiva de imprensa para correspondentes internacionais na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no Rio de Janeiro. - Tomaz Silva/Agência Brasil

 

China

Na área comercial, o vice-presidente apontou a necessidade do país buscar maior abertura porque tem apenas 1,2% do fluxo de comércio do mundo, o que para ele é pouco para nações como o Brasil. Sobre a relação entre Brasil e China, Mourão disse que a mensagem política foi muito bem entregue na viagem que fez, em maio, àquele país, quando houve a liberação da carne brasileira cuja compra estava suspensa. Mourão avaliou que isso já foi um primeiro entendimento entre os dois países na área comercial, representando um sinal de boa vontade do governo chinês. “Ninguém hoje pode prescindir de negociar de comerciar com a China e ter essa ligação”, afirmou, lembrando que a China também não pode permitir instabilidade social e, por isso, tem que garantir alimentação e algum tipo de trabalho para seus habitantes.

Com relação a parceria militar, ele considera que ainda é muito tímida, porque são países distantes nessa área e com percepções de segurança e defesa muito distintas, o que vai necessitar de uma aproximação maior. “Ela já vem ocorrendo, porque no caso do Exército, já temos mais de 10 oficiais superiores de coronéis ao último posto fazendo cursos em escolas militares chinesas. Isso vai criar uma massa crítica de gente com capacidade de entender as forças armadas chinesas para uma aproximação maior”, completou, informando que o presidente Bolsonaro deverá ir ao país em outubro, quando também visitará países do Oriente Médio e o Japão.

Segurança pública

Outro tema da entrevista coletiva foram as ações na área de segurança pública. Para o vice-presidente, o tema é “um problema sério vivido aqui no Brasil e muito ligado ao tráfico internacional de drogas”. Lembrou que na vizinhança estão os três maiores produtores de drogas do mundo, que são a Bolívia, o Peru e a Colômbia. “Onde se produz essa cocaína que vem ou para dentro do Brasil como comércio, ou o Brasil é estrada para chegar a Europa ou os Estados Unidos que são os grandes centros consumidores”, observou.

O vice-presidente indicou quatro eixos para atacar o problema da segurança no país. O primeiro é a legislação que considera muito branda para indivíduos que não têm mais recuperação e precisam permanecer no sistema carcerário. “O regime semiaberto acaba virando o sempre aberto”. Outro ponto é a questão dos crimes cometidos por menores de idade. “Hoje as grandes quadrilhas usam os menores que se apresentam como se tivessem cometido o crime porque sabem que dois anos depois vão estar na rua”. Mourão defendeu ainda a melhoria do sistema prisional e o aparato operacional das polícias.